O Estado de S. Paulo

Ataques de palestinos deixam 3 mortos em Israel e Netanyahu promete reação

Autoridade­s tentam articular resposta à onda de violência e propostas incluem toques de recolher e flexibiliz­ação de restrições à compra de armas por cidadãos israelense­s; palestinos protestam contra mortes causadas por militares

- Sarah Benhaida e Hossam Ezzedine /

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, convocou ontem uma reunião de emergência de seu gabinete após quatro ataques de palestinos em Jerusalém e cidades próximas matarem três israelense­s em menos de duas horas. Segundo a polícia, havia uma dezena de feridos. A erupção mais intensa em duas semanas de uma escalada de violência estava sendo chamada de Dia de Fúria.

Netanyahu convocou uma reunião de emergência com as principais autoridade­s de segurança de Israel e com seus ministros. Durante um intervalo do encontro, o primeiro-ministro falou ao Parlamento israelense, a Knesset. “Estamos concentrad­os em nossa missão de combater os assassinos e incitadore­s, e estou certo de que as ações que tomarmos farão o outro lado entender que o terrorismo não vale a pena.”

Uma porta-voz da polícia afirmou que entre as medidas que estavam em análise estava o isolamento total dos bairros árabes de Jerusalém e uma flexibiliz­ação nas normas para a obtenção de armas de fogo por cidadãos israelense­s.

Autoridade­s de Israel afirmaram que dois agressores entraram em um ônibus público em Jerusalém e atiraram e esfaqueara­m os passageiro­s, matando dois deles. A terceira morte de um israelense ocorreu em uma vizinhança ultraortod­oxa de Jerusalém. No ataque, um palestino que trabalhava para a companhia telefônica israelense jogou o carro da empresa contra pedestres e, em seguida, saiu do carro e os atacou com

Conflito um machado.

Um policial matou um dos homens que invadiram o ônibus em Jerusalém e feriu o outro. O funcionári­o da empresa telefônica também foi morto por um agente de segurança que estava na região do crime. Além desses casos, em Ra’anana – bairro de 80 mil habitantes a 20 quilômetro­s de Tel-Aviv onde moram muitas famílias de imigrantes americanos – pelo menos duas pessoas foram esfaqueada­s.

“(Eles) começaram com facas, depois carros e agora (u- sam) armas (de fogo)”, disse Aliza Ben Zichri, de 59 anos, professora aposentada que foi uma das muitas que correram para o local do ataque ao ônibus após ouvir tiros. “Por que não colocá-los sob toque de recolher?”, questionou Aliza em relação aos 300 mil palestinos que moram em Jerusalém. “Eu deveria ser capaz de andar livremente.”

Ainda no local do ataque aos passageiro­s do ônibus, o prefeito de Jerusalém, Nir Barkat, defendeu a adoção de restrições para os bairros árabes da cidade. “Temos de pará-los e impor um toque de recolher”, disse Barkat. “Temos de ampliar e melhorar as medidas que foram tomadas até agora.”

O prefeito, que na semana passada incentivou os israelense­s com porte de armas a carregá-las nas ruas, foi além: “Isso tem de parar, mesmo que os moradores de Jerusalém tenham de pagar o preço em termos de qualidade de vida. Precisamos assumir o controle da realidade em que vivemos.”

A explosão de violência ocorre depois de quatro esfaqueame­ntos registrado­s na segunda-feira, em Jerusalém, incluindo um caso no qual um adolescent­e israelense de 13 anos foi gravemente ferido por dois palestinos, de 13 e 15 anos. O árabe mais jovem foi gravemente ferido ao ser atropelado por um carro quando fugia, enquanto que o mais velho foi morto a tiros por policiais, resultando em protestos.

Direito O secretário­geral da Organizaçã­o pela Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, disse que os palestinos “têm o direito de se defender”, em relação à onda de violência

AFP

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MOHAMMED ABED/AFP Confrontos. Manifestan­tes palestinos atacam com pedras policiais israelense­s na Faixa de Gaza
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