O Estado de S. Paulo

Rivais atacam Hillary em debate na TV

Ex-secretária de Estado dos EUA é criticada por suas posições em política externa no primeiro encontro entre pré-candidatos democratas

- Cláudia Trevisan

Líder nas pesquisas entre os democratas, Hillary Clinton foi atacada ontem no primeiro debate do partido por suas posições em política externa: o apoio à guerra do Iraque, em 2003, a intervençã­o que desmontou o Estado líbio, em 2011, e a defesa de uma zona de exclusão aérea na Síria. Em relação a temas domésticos, porém, os pré-candidatos revelaram mais coincidênc­ias entre si do que seus rivais republican­os.

Hillary também foi questionad­a pelo uso de um servidor privado de acesso à internet durante seu período como secretária de Estado do presidente Barack Obama. Nesse ponto, teve a defesa inesperada do segundo colocado nas pesquisas, o senador Bernie Sanders, um declarado social-democrata que se revelou a principal ameaça à liderança de Clinton. “Vamos falar dos temas reais que afetam a classe média desse país”, declarou Sanders, sob aplausos da plateia. “Estamos cheios dessa questão dos e-mails.”

Maior surpresa na disputa até o momento, Sanders ficou em uma situação desconfort­ável na discussão sobre o controle da venda de armas no país. O primeiro debate democrata ocorreu dias depois de dez pessoas terem sido assassinad­as no Estado de Oregon.

Representa­nte de Vermont, onde o porte de armas é valorizado, o senador tem um histórico ambíguo na votação de leis que tentam impor limites mais rigorosos nessa área. “É o momento de o país se levantar contra a NRA”, declarou Hillary, em rela- ção à Associação Nacional do Rifle, principal lobby da indústria de armamentos americana. A ex-secretária de Estado lembrou que Sanders votou em cin- co ocasiões contra projetos que tentavam impor regras mais estritas para o setor.

A defesa da reforma do sistema de imigração foi um dos prin- cipais pontos de coincidênc­ia entre os candidatos democratas, que criticaram os adversário­s republican­os pelos ataques aos cerca de 11 milhões de pessoas que vivem sem documentos nos Estados Unidos. Donald Trump, que lidera as pesquisas da oposição, propõe a deportação de todos os imigrantes ilegais e a construção de um muro na fronteira com o México.

Os candidatos também revelaram proximidad­e no combate à mudança climática e na defesa de licença maternidad­e remunerada. Sanders classifico­u de um “constrangi­mento nacional” o fato de os EUA serem um dos poucos países ocidentais a não terem o benefício.

Hillary disse que estava farta de ver os republican­os se oporem à licença maternidad­e sob o argumento de que o Estado não deve interferir na vida pessoal dos cidadãos, ao mesmo tempo em que tenta barrar a prática do aborto pelas mulheres.

Promovido pela CNN, o debate foi o primeiro a reunir os cinco candidatos com menos 1% nas pesquisas. Antes de eles entrarem no local do debate, a plateia assistiu a um vídeo no qual Obama pediu aos eleitores democratas que apoiem sem restrições o vencedor das primárias da legenda.

Hillary valorizou o fato de que pode ser a primeira mulher a ocupar a presidênci­a dos EUA, mas foi alvo de críticas por ser representa­nte de uma família política tradiciona­l em uma eleição que vê a emergência de outsiders, como Trump e o próprio Sanders. Mantendo o suspense em torno de seu futuro político, o vice-presidente Joe Biden não participou do debate de ontem. Mas anúncio veiculado nas horas que antecedera­m o confronto na CNN defendeu que ele entre na corrida pela definição do candidato democrata que disputará a sucessão de Obama no próximo ano.

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JOHN LOCHER/AP Confronto. Bernie Sanders e Hillary Clinton durante debate democrata em Las Vegas

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