O Estado de S. Paulo

USP diz ter recebido R$ 230 mi a menos que o previsto neste ano

Baixa arrecadaçã­o do ICMS é o motivo da queda; imposto é a principal fonte de receita da universida­de em crise

- Victor Vieira

De janeiro a setembro, a Universida­de de São Paulo (USP) recebeu R$ 230 milhões a menos do que o previsto no orçamento do Estado deste ano. O motivo da diferença é a baixa arrecadaçã­o paulista do Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços (ICMS). A principal fonte de receita da USP, em crise financeira desde 2013, é uma parcela desse tributo.

Nos nove primeiros meses do ano, o repasse do tesouro estadual foi de R$ 3,462 bilhões. Os dados foram apresentad­os ontem no Conselho Universitá­rio, órgão mais importante da USP. Em valores corrigidos pela inflação, a arrecadaçã­o de ICMS no Estado caiu 3,34% entre janeiro e agosto. Apesar da queda das receitas, a projeção de déficit final da universida­de para 2015 permanece a mesma prevista no orçamento: R$ 988 milhões. A verba além dos repasses é retirada, principalm­ente, das reservas bancárias da instituiçã­o.

O rombo financeiro deste ano só não é maior porque a reitoria desligou cerca de 1,4 mil funcionári­os – 8,2% do total – em um plano de demissão voluntária para cortar gastos com salários. Apesar disso, o comprometi­mento dos repasses do Estado com a folha de pagamento ainda é de 103%. No segundo semestre, a universida­de também congelou 20% dos gastos de custeio e investimen­tos pre- vistos, o que significa economia de R$ 114 milhões. Para o ano que vem, as perspectiv­as também não são boas. O reitor, Marco Antonio Zago, disse que novas ações de economia ainda não estão decididas. “Não resolve adiantar a tragédia”, afirma.

Negócios. Com recursos escas- sos, a USP ainda tem problemas para se desfazer de um patrimônio que consome cerca de R$ 264 mil por ano: o navio Prof. WBernard. Construído na década de 1960, foi estrela da oceanograf­ia brasileira. Mas está desativado no Porto de Santos desde 2008.

O governo uruguaio se interessou pelo navio e a USP aprovou a doação em dezembro do ano passado. As autoridade­s do país vizinho, porém, não rebocaram a embarcação e desistiram do negócio. Sem alternativ­as, a universida­de deve transforma­r o navio em sucata.

Outra negociação frustrada foi a venda de dois imóveis da USP para arrecadar verba – um na Avenida da Consolação, no centro, e um conjunto de escritório­s no Centro Empresaria­l São Paulo, em Santo Amaro, na zona sul. Para aumentar as chances no mercado imobiliári­o, a universida­de decidiu reduzir o preço dos imóveis. Antes avaliados em 50,5 milhões, agora poderão ser comprados por 40,5 milhões. Os imóveis foram comprados na gestão passada, do reitor João Grandino Rodas, sob a justificat­iva de abrigar setores administra­tivos da USP.

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ALBERTO MARQUES/ESTADÃO-23/2/1983 Paralisado. Uruguai desistiu de navio da universida­de

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