Sob vaias, secretário recebe prêmio no lugar de Alckmin
Entidades de defesa do meio ambiente criticaram homenagem pela ‘boa gestão dos recursos hídricos’
O secretário de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Benedito Braga, foi vaiado na noite de ontem ao representar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) durante uma cerimônia em Brasília que premiava a boa gestão de recursos hídricos. Manifestantes subiram ao palco com faixas com os dizeres “torneira seca” e “procura-se”.
O governador, apesar de confirmar presença, não compareceu à Câmara. As manifestações foram organizadas pelos grupos Greenpeace, Juntos! e Minha Sampa. “O prêmio que ele merecia receber era o torneira seca, porque falta água em São Paulo”, acusou Gabriel Lindenbach, da Juntos!.
ONU. Ao lado do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), e dos coletivos Luta Pela Água e Aliança Pela Água, o Greenpeace fez um relatório de violação aos direitos humanos na gestão da crise da água e entregou o documento ontem à Organização das Nações Unidas (ONU). O texto foi enviado a Leo Heller, relator da entidade. “O caminho é agora avaliar o relatório e elaborar consulta aos governos”, explicou.
Segundo o texto, houve falta de planejamento e medidas de contingência, superexploração, ausência de participação e de transparência, interrupção de abastecimento e aumento indevido de tarifa. O material leva em consideração relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) afirmando que a crise hídrica “é resultado da falta de planejamento” do Estado.
Em nota, a Secretaria de Recursos Hídricos afirmou que o levantamento “é parcial, sem embasamento técnico, que acusa equivocadamente somente um ente da federação de um problema que atingiu todo o País”. A pasta destaca que a estiagem, maior em 85 anos, não foi prevista por institutos meteorológicos.
A cidade de São Paulo deverá ter mais chuvas e mais calor nas próximas décadas, segundo projeção da Rede de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Urbanas (UCCR, na sigla em inglês), entidade fundada em 2007 que reúne cerca de 600 cientistas de 150 cidades em todo o mundo. Os dados divulgados ontem indicam que a temperatura média na capital paulista aumentará até 1,1°C na década de 2020; até 2,3°C na de 2050; e até 3,9°C na de 2080.