O Estado de S. Paulo

Brasil derrota Venezuela sem sustos

Com bela atuação de Willian, autor de dois gols, seleção vence por 3 a 1 no Castelão e se reabilita da derrota para o Chile na primeira rodada

- Almir Leite

Nada como uma Venezuela pela frente para dar um refresco à seleção brasileira. A equipe entrou em campo sob pressão ontem, no Castelão, mas a vitória por 3 a 1, a primeira nas Eliminatór­ias, traz um pouco de tranquilid­ade a Dunga e seus comandados. O Brasil novamente esteve longe de empolgar, não cumpriu o desejo de brindar a torcida – o público, aliás, de 38.970 pagantes, decepciono­u – com bom futebol. Chegou a levar susto, mas fez a obrigação.

O time até melhorou em relação à desastrosa estreia contra o Chile. Esteve melhor posicionad­o em campo, pressionou o adversário – muito mais fraco que os chilenos, ressalte-se – e movimentou-se mais. No entanto, terá de evoluir muito para o próximo confronto. Afinal, o adversário do dia 12 de novembro será a Argentina, em Buenos Aires.

Dunga surpreende­u ao escalar o goleiro Alisson no lugar de Jefferson. O goleiro do Botafogo já vinha desagradan­do ao treinador desde a Copa América e o lance do primeiro gol do Chile na semana passada selou sua sorte. Onze dias depois de completar 23 anos, o goleiro do Internacio­nal fez sua estreia na seleção, demonstrou nervosismo, mas não compromete­u.

Filipe Luís no lugar de Marcelo era previsível, pois tinha o objetivo de liberar Elias para avançar. E Marquinhos no lugar do contundido David Luiz era certo. Ricardo Oliveira na vaga de Hulk, segredo que guardou a sete chaves, deu mais presença de área à seleção.

Mas o treinador, que ensaiou colocar Lucas Lima no meio de campo, para tornar o time mais veloz e agressivo, insistiu com Oscar. E Oscar continuou insistindo em jogar mal.

Pode-se dizer que o jogo já começou com 1 a 0 para o Brasil. Foram precisos apenas 36 segundos para Willian penetrar na área, chutar e o goleiro Baroja colaborar, espalmando para dentro do gol. Detalhe: o lance do gol nasceu de uma roubada de bola de Luiz Gustavo na intermediá­ria venezuelan­a. Marcar pressão na saída de bola do adversário foi um dos pedidos

de Dunga aos seus jogadores.

O gol serviu para eliminar qualquer risco de intranquil­idade. Deixou a equipe à vontade no Castelão. Marcando pressão na saída de bola, jogando no campo do adversário. Os jogadores faziam uma das muitas coisas que faltaram contra o Chile: movimentav­am-se. O Brasil pressionav­a. A pressão, porém, não resultava em muitas chances de gol criadas.

Willian estava muito bem na partida, num contraste com seu companheir­o de Chelsea. Oscar estava apagado, perdido. Até teve a solidaried­ade, num lance aos 30 minutos em que Douglas Costa poderia ter feito o gol, mas atendeu ao pedido insistente de Oscar e lhe passou a bola. Sozinho, na frente do gol, ele se enrolou a perdeu a chance, tirando Dunga do sério.

Com o passar do tempo, o toque de bola brasileiro diante da fechada Venezuela foi irritando a torcida. Menos mal que assim que saíram as primeiras vaias, tímidas, aos 41 minutos, Filipe Luís fez grande jogada pela esquerda e rolou rasteiro para Willian, após corta-luz de Oscar (sua única boa jogada na etapa), fazer 2 a 0. O espírito festeiro da torcida cearense voltou na hora.

A seleção tentou manter o ritmo na etapa final. Mas encontrava dificuldad­e de conclusão. E, quando teve grande chance, não concluiu em gol. Quem vacilou? Oscar, que acabou com a paciência da torcida – pediu Kaká – e de Dunga.

Até porque pouco depois de Oscar perder a chance de definir o jogo, a Venezuela fez seu gol, com Christian Santos, após um escanteio e a mais uma das falhas da zaga brasileira.

Dunga, então, trocou Oscar por Lucas Lima, que deu mais dinamismo ao time. Logo sairia o terceiro: cruzamento de Douglas Costa e gol de cabeça de Ricardo Oliveira.

A partida estava decidida e Dunga, quem diria, se preocupou em agradar à torcida. Colocou Kaká em campo, para delírio dos torcedores, e depois também Hulk, o que fez galera explodir de vez.

E tudo terminou em festa, em alegria, com a torcida gritando “olé’’. Mas não é demais lembrar: o próximo desafio é na Argentina. Ainda bem que Neymar volta.

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ALEX SILVA/ESTADÃO
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