O Estado de S. Paulo

Aidar renuncia e Leco assume o São Paulo

Dirigente confirma saída do São Paulo em carta ao Conselho Deliberati­vo que tem 30 dias para convocar novas eleições

- Ciro Campos

Carlos Miguel Aidar se afastou do Morumbi antes mesmo de decretar o seu último ato como presidente do São Paulo. A carta de renúncia formalizou na tarde de ontem o fim de um ano e meio de gestão e repassou o mandato para Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, em uma reunião de duas horas em escritório na Avenida Paulista.

Pelos próximos 30 dias o expresiden­te do Conselho Deliberati­vo passa a ocupar o gabinete mais importante no clube. Ele precisa formar uma nova direto- ria e convocar eleições para um mandato tampão, válido até abril de 2017. A primeira decisão dele foi de repatriar como vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro, afastado por Aidar na última semana.

Leco não quis dar entrevista­s ontem e apenas amanhã vai falar pela primeira vez como presidente do São Paulo. Nos próximos dias, o dirigente vai tentar costurar um acordo com conselheir­os para que saia como candidato único à nova eleição. Os defensores da ideia justificam que o clube precisa de união e entendem que uma corrida eleitoral seria desgastant­e.

Dentro do clube há duas correntes para o lançamento de candidatos. Aliados de Aidar articulam para que Eduardo Alfano Vieira, ex-diretor de relações internacio­nais, possa concorrer. Outra ala estuda o retorno de Fernando Casal de Rey,

Novo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, tem até 30 dias para convocar novas eleições.

Mandato tampão Novo presidente assume para cumprir o período até abril de 2017 e, como poderia acumular mais dois mandatos, ficaria sete anos e meio no cargo.

Quem pode ser candidato Leco deve concorrer. Eduardo Alfano Vieira e Fernando Casal de Rey também são cotado.

presidente entre 1994 e 1998.

O dia da renúncia começou para Aidar com o cancelamen­to de uma reunião que faria com antigos aliados às 18h.

Pela manhã, ele enviou um e-mail de despedida para os funcionári­os do clube, almoçou no Morumbi e no começo da tarde seguiu para o escritório de advocacia de Antônio Claudio Mariz da Silva, conselheir­o do clube e amigo desde a infância.

Para o local também se dirigiu Leco, que recebeu das mãos de Aidar a carta de renúncia. O ex-presidente deixou o local dirigindo o próprio carro e só falou com os jornalista­s enquanto aguardava a cancela do estacionam­ento liberar a sua saída. “Agora o presidente é o Carlos Augusto”, disse.

Denúncias de irregulari­dades, rompimento com aliados e acusações de desvios de dinheiro abreviaram o segundo mandato de Aidar. A primeira passagem foi em 1984, quando aos 38 anos se tornou o mais jovem presidente da história do São Paulo. Ontem, saiu como o segundo a renunciar. Antes dele, Cid Vianna tomou a mesma decisão, em 1938.

A briga com o Ataíde Gil Guerreiro foi o capítulo decisivo para o fim da gestão. Um e-mail enviado por Ataíde para Aidar tinha acusações graves conta o presidente.

O conteúdo detalhava suposto convite para repartir a comissão de um jogador que sairia da Portuguesa, acusava o favorecime­nto à namorada de Aidar, Cinira Maturana, em contratos firmados pelo clube e ainda citava ações fraudulent­as de Douglas Schwartzma­nn, ex-vicepresid­ente de marketing.

Fora a pressão no clube, outros fatores levaram Aidar a renunciar, como um pedido enfático das filhas e alertas dos sócios do seu escritório de advocacia.

Investigaç­ão. Membros da oposição dizem ter protocolad­o ontem ofício encaminhad­o a Aidar para que esclareça as acusações do e-mail e a briga com Ataíde em um hotel de São Paulo.

 ?? CARLA CARNIEL/FRAME-8/10/2015 ?? Adeus. Aidar entregou carta de renúncia ontem: série de denúncias minou seu mandato
CARLA CARNIEL/FRAME-8/10/2015 Adeus. Aidar entregou carta de renúncia ontem: série de denúncias minou seu mandato

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil