Cenários diversos, todos adversos
nal Superior Eleitoral (TSE). Simplesmente não há sangue para sangrar por mais de três anos. É difícil de imaginar mais de três anos de desgoverno.
Embora a crise que pode abreviar o presidente da República surseu mandato esteja se aproximando preendeu quase todos ao afirde um desenlace, seria totalmente mar, na semana passada, que equivocado qualquer otimismo quanestava vendo luz no fim do túnel. A to a cenários futuros. metáfora absurda serviu de pretexto O eventual impeachment ou cassapara ironias sobre a extensão do “túção de chapa – submetidos, respectinel” e a verdadeira origem do foco de vamente, ao Congresso Nacional, luz que teria sido vislumbrado pela com parecer de rejeição de contas pepresidente em meio à sua premonilo Tribunal de Contas da União; e ao ção. Comparações fáceis foram feitas TSE – poderá dar lugar a dois cenários com o novo túnel de base de São Gobem diferentes. De um lado, apenas o tardo, entre a Suíça e a Itália, e seus 57 impedimento da presidente; de ouquilômetros de extensão. Foi, tamtro, o impedimento da presidente e bém, recuperada a surradíssima mendo vice-presidente, Michel Temer. A ção à luz no fim do túnel como tendo posição periclitante do deputado origem em trem em sentido contrário Eduardo Cunha, em meio à divulgana mesma via. ção de detalhes de suas contas suíças,
À medida que se agrava o quadro de sugere que poderá adotar tática de maingovernabilidade do País, Dilma ximização de danos e procurará arrasRousseff vem sendo submetida a prestar a presidente ao impedimento pelo sões brutais. Mereceria pena, não estiCongresso Nacional. vesse arrastando o Brasil para uma criA alternativa Temer pode ser de inse cada vez mais aguda, após memoráteresse, é claro, do PMDB, de pequevel estelionato eleitoral. Está pagannos partidos da atual coalizão goverdo o preço da vitória eleitoral com pronista e, também, de segmentos desmessa de crescimento com inflação contentes do PSDB. Não há nenhum sob controle. A presidente é coadjuindício de que a preponderância do vante proeminente de Lula na obra de PMDB possa assegurar estabilidade destruição das conquistas macroecopolítica na transição para 2018. O que nômicas herdadas pelo PT em 2003. circula como possível estratégia eco
Há quase que unanimidade quanto nômica de um governo Temer não paàs dificuldades de um cenário no qual rece ser mais do que versão atucanada a presidente resista às iniciativas de de desenvolvimentismo, apenas com abreviação de seu mandato, tanto no leve mudança de ideias fixas. Congresso Nacional quanto no Tribu- O impeachment duplo levaria a no-
Avas eleições presidenciais, nas quais não haverá incentivo para que os candidatos apresentem programas que retratem o que realmente pretendem fazer, caso eleitos. Promessa de prudência macroeconômica não ganha eleição. Em meio à crise, haverá incentivo à disseminação da mentira eleitoral, ao estilo Dilma Rousseff 2014. As votações de temas controvertidos relacionados ao ajuste fiscal revelaram um PSDB tão irresponsável quanto o PT na oposição a FHC. A racionalização da esquizofrenia como cálculo político retirou do partido sua legitimidade como defensor de políticas econômicas sensatas e prudentes.
Em todos os cenários, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal terão sua composição preservada. Ou seja, serão ainda evidentes as marcas da generalizada corrupção sistemática ou sistêmica que contaminou o processo político. Nunca antes neste país a corrupção afetou de forma tão significativa a composição do Congresso.
A principal crise que atinge o País é política. É essencial cortar o elo entre corrupção que afeta o aparelho de Estado e o sistema político. Sem a mobilização suprapartidária dos políticos que não estejam comprometidos com o fisiologismo que nos levou à crise, tal desafio se tornará uma missão impossível.