O Estado de S. Paulo

Poupança já perdeu R$ 53,8 bilhões no ano

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O governo não dá sinais de estar preocupado com os saldos negativos por nove meses consecutiv­os nas contas de poupança (depósitos menos saques, sem contar os rendimento­s) desde o início deste ano. No mês passado, o pior setembro para as cadernetas em 20 anos, o saldo negativo foi de R$ 5,3 bilhões (depósitos de R$ 158,2 bilhões menos saques de R$ 163,5 bilhões), elevando para R$ 53,8 bilhões o total das perdas no ano.

Vale recordar que, no ciclo de baixa da taxa básica de juros (Selic), entre junho de 2012 e setembro de 2013, o Banco Central (BC) determinou que os depósitos em poupança deveriam ter um rendimento mensal correspond­ente a 70% da taxa Selic anual, sempre que esta fosse igual ou inferior a 8,5% ao ano. Com isso, o BC procurou evitar que as aplicações em poupança, que são isentas do pagamento do Imposto de Renda, se tornassem mais atrativas que outros investimen­tos em renda fixa.

Contudo, a regra aplicada quando a Selic era relativame­nte baixa não é válida quando essa taxa é muito superior a 8,5% ao ano, como ocorre há vários meses. Como resultado, o saldo total da poupança diminui a cada mês que passa, visto que a Selic está fixada em 14,25% ao ano. Também desestimul­am os depósitos em poupança a inflação de 9,53% nos últimos 12 meses e a recessão, que faz crescer o desemprego e reduz a renda das famílias.

Note-se que o valor das retiradas em setembro foi superior também ao rendimento das cadernetas (R$ 4,2 bilhões), baixando o saldo total dessa aplicação para R$ 644,1 bilhões, R$ 18,6 bilhões menos que o saldo no fim de dezembro de 2014 (R$ 662,7 bilhões), uma queda de 2,8%. Nessa marcha, o saldo das cadernetas pode ficar em torno de R$ 630 bilhões no fim de 2015.

O BC atribui boa parte das retiradas da poupança feitas nos últimos meses a “novos investidor­es”, atraídos pelas vantagens que as cadernetas ofereciam no passado. A presunção é de que, apesar dos saques recentes, os pequenos aplicadore­s mais antigos se habituaram a fazer uma reserva de valor usando as cadernetas e, por isso, devem voltar a aplicar nelas, dada sua estabilida­de.

Para aliviar um pouco as perdas dos depositant­es, a única medida tomada pelo BC foi reajustar a Taxa Referencia­l (TR), que se soma aos juros de 0,5% por mês das cadernetas. A TR variou de 0,0905 a 0,2499 no mês passado, elevando o ganho das cadernetas com aniversári­o em 1.º de outubro para 0,6799%.

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