Bancos perdem R$ 23 bi em valor de mercado
A turbulência no ambiente político e o cenário internacional adverso levaram o Ibovespa a cair 4% ontem. Foi a maior queda porcentual desde 1.º de dezembro do ano passado, quando a Bolsa recuou 4,47%.
As ações dos bancos foram as mais prejudicadas por essa combinação de incertezas. Os papéis do Santander UNIT caíram 8,90%, os do Banco do Brasil ON recuaram 8,32%, os do Bradesco PN perderam 5,46%, e os do Itaú Unibanco PN cederam 5,35%.
Um levantamento da Economatica mostra que a perda do valor de mercado ontem, dos 22 bancos listados, na Bolsa foi de R$ 23,217 bilhões.
As empresas brasileiras enfrentam um cenário de crescimento mundial mais fraco e aumento das incertezas internas, com a possibilidade de um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. No caso do afastamento da presidente, os investidores têm dificuldade para conseguir traçar um cenário claro sobre o que pode ocorrer.
Há também uma piora gradativa das expectativas para a economia brasileira. As previsões para o crescimento econômico têm sido reduzidas, enquan- to a expectativa é de uma inflação cada vez mais alta.
“Houve uma elevação bastante razoável do CDS ( espécie de seguro contra o risco de calote do Brasil)”, afirma Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper. “Se os investidores estão mais negativos com relação ao Brasil e ao crédito, isso afeta diretamente os bancos brasileiros. Os bancos vão ter captar lá fora a taxas mais altas”, diz.
Não bastasse esse cenário de incertezas, o Credit Suisse re- baixou a recomendação para o setor bancário de neutro para underperform (desempenho abaixo do mercado). Um dos motivos que pesou para a redução foi a queda dos empréstimos em termos reais
A recomendação já havia sido cortada de outperform (desempenho acima da média de mercado) para neutro em abril. A rapidez com que foi feita a alteração chamou a atenção de profissionais do mercado, uma vez que sinaliza uma deterioração do ambiente eco- nômico a ritmo mais intenso que o esperado.
O relatório do Credit Suisse diz que 2016 deve ser o pior dos últimos 15 anos para o setor e, pela primeira vez, Itaú Unibanco e Bradesco devem ter um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) menor ou igual ao custo de capital.
Nos últimos anos, o elevado nível de rentabilidade dos bancos brasileiros tem sido um chamariz para investidores.