O Estado de S. Paulo

Petrobrás capta US$ 2 bi com banco chinês

- Antonio Pita Fernanda Nunes

Ainda que conviva com patamares recordes de endividame­nto, na casa dos R$ 500 bilhões, a Petrobrás voltou mais uma vez ao mercado atrás de dinheiro. Ontem, anunciou ter pego US$ 2 bilhões com o Industrial and Commercial Bank of China Lea- sing (ICBC Leasing), em uma operação de leasing na qual vendeu ao banco duas plataforma­s, a P-52 e P-57, e passou a pagar aluguel por elas, pelo prazo de dez anos. Ao fim do período, vai receber as unidades de volta.

Analistas elogiaram a operação, de menor custo do que a empresa teria se firmasse um contrato de financiame­nto nos moldes tradiciona­is. Mas o anúncio de que tem mais US$ 2 bilhões em caixa não foi suficiente para evitar que os papéis da estatal despencass­em. As ações preferenci­ais recuaram 7,61% e as ordinárias, 8,12%.

O comportame­nto das ações reflete as sucessivas baixas do preço do petróleo no mercado internacio­nal e também as no- vas denúncias que surgem na Operação Lava Jato contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Ele é acusado de supostamen­te ter recebido propinas em negócios com a estatal.

No dia a dia, o desafio do presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, continua sendo o de gerenciar o caixa da companhia para que dê conta dos investi- mentos sobretudo no pré-sal. Apesar de ter anunciado no início do ano, quando assumiu a empresa, que não dependia de novas captações para acertar as contas de 2015, Bendine tem recorrido ao mercado com frequência. Há duas semanas, converteu uma dívida de US$ 1 bilhão com o Banco do Brasil em outra em moeda nacional, de R$ 4,075. Por isso, pagou R$ 4,07 pelo dólar, acima da cotação atual, de R$ 3,91.

Na operação de ontem, recor- reu ao próprio ativo para pagar menos pelo financiame­nto. A lógica é que a P-52 e a P-57, na prática usadas como garantia ao crédito, estão instaladas em campos de alta produtivid­ade. A P-52 está em Jubarte e a P-57, em Roncador, na Bacia de Campos. Por funcionare­m em áreas considerad­as estratégic­as, a empresa vai depender de suas operações por um longo período. Por isso, a tendência é que mantenha em dia o pagamento ao ICBC.

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