AB InBev compra SABMiller e terá 30% do mercado mundial de cerveja
Foram cinco tentativas até que os brasileiros da AB InBev conseguiram chegar a um acordo com a rival SABMiller para formar uma gigante que será responsável por produzir um terço da cerveja no mundo. A transação, de US$ 104,2 bilhões, dará origem à quinta maior fusão da história corporativa global e será a maior aquisição já feita de uma companhia do Reino Unido. Juntas, as duas companhias devem faturar US$ 73 bilhões.
O novo grupo vai unir as marcas Budweiser, Stella Artois e Corona, da AB InBev, com as marcas Peroni, Grolsch e Pilsner Urquell, da SABMiller. Juntas, as duas empresas serão líderes na maior parte do mundo, segundo dados da Euromonitor, exceto na Europa e na região da Ásia-Pacífico, onde perdem para fabricantes como Heineken, Carlsberg, China Resources e Tsingtao.
A AB InBev tem entre os seus principais acionistas os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Além da fabricante de bebidas, eles têm protagonizado, por meio da sua empresa de investimentos, o fundo 3G Capital, aquisições bilionárias, principalmente no setor de alimentos. A última delas ocorreu em março, quando a Heinz, que pertence ao 3G, incorporou a Kraft Foods, em um negócio de US$ 46 bilhões (leia mais abaixo).
Chegar ao valor de US$ 104 bilhões pela SABMiller não foi fácil. O acordo foi aceito após semanas de negociações e exatamente na data-limite para AB InBev fazer uma oferta formal pela concorrente – se isso não ocorresse, pela legislação britânica, a empresa teria de esperar mais seis meses para fazer uma nova abordagem. Depois de rejeitar quatro propostas (de £ 38, £ 40 e £ 42,15 e £ 43,5 por ação), a SABMiller aceitou a oferta melhorada de £ 44 por ação, com uma alternativa parcial que envolve dinheiro e ações criada para convencer seus dois maiores acionistas: o gigante americano do tabaco, Altria Group, e a família Santo Domingo, da Colômbia. Juntos, eles possuem cerca de 41% dos papéis da SABMiller.
Ao aceitar ações e manter o investimento na empresa resultante da fusão, o Altria e a BevCo, empresa representante da família Santo Domingo, evitariam os pesados impostos que teriam de pagar se vendessem toda a sua participação.
Como parte da proposta mais recente, a Anheuser-Busch InBev concordou em pagar uma taxa de US$ 3 bilhões à SABMiller no caso de a fusão não ser aprovada pelas autoridades reguladoras, disseram as empresas.
Restrições. O acordo entre as gigantes da cerveja deve gerar repercussões no restante da indústria, particularmente nos EUA, onde as duas empresas detêm cerca de 70% do mercado. Além disso, analistas afirmam que o
Ações reagem grupo combinado terá de vender ativos na China, onde a CR Snow, joint venture da SABMiller com a China Resources, é líder de mercado. Negócios na Europa também podem ir à venda.
No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) afirmou que ainda não foi notificado oficialmente do acordo entre AB InBev e SABMiller e que, por isso, ainda não vai se pronunciar. A AB InBev afirmou que “vai trabalhar junto com as autoridades relevantes na busca de soluções apropriadas para todas as potenciais análises regulatórias”.
Em Wall Street, já se falava que era apenas questão de tempo para a AB InBev tentar fazer uma proposta por sua gigantesca concorrente. Umartigo recente do New York Times diz que os brasileiros que controlam a empresa, embora sejam famosos pelos cortes dos custos, ainda não demonstraram que conseguem crescer sem recorrer à aquisição de outras companhias.
Sob sua orientação, o grupo tornou-se decididamente mais lucrativo – mas perdeu uma parcela de mercado em muitos países. No ramo da cerveja, os três aperfeiçoaram o que se tornou sua estratégia, concentrada nos custos e nos lucros. Os aumentos dos preços contribuem para mascarar o que alguns analistas agora consideram uma falha do modelo: a queda da parcela do mercado. A AB InBev vendeu 107 milhões de barris de cerveja em 2008 nos EUA, quando os investidores brasileiros a adquiriram, mas vendeu apenas 96 milhões no ano passado, segundo a publicação setorial Beer Marketer’s Insights. Em quase todos esses anos, ela perdeu um ponto porcentual de mercado. /
LUCRO LÍQUIDO** NÚMERO DE
MARCAS
FUNCIONÁRIOS
PAÍSES ATENDIDOS
Participação de mercado