Feira de Frankfurt aposta no tema da tolerância
Maior encontro do mercado editorial, evento inicia 67ª edição com discursos que enfatizam a importância de a Europa receber bem os refugiados
Enquanto os últimos ajustes eram feitos nos estandes na noi- te desta terça-feira, 13, a 67.ª Feira do Livro de Frankfurt foi oficialmente aberta com uma sucessão de discursos políticos que tinham, como base, a defesa do diálogo como forma de resolver, ou amenizar, questões que preocupam a Europa neste momento – como, no caso da Alemanha, a chegada dos refugiados.
A palavra desta feira, já colocada em destaque na semana passada, é tolerância. Pela manhã, o escritor Salman Rushdie fez uma conferência para a impren- sa sobre liberdade de expressão. O convite não foi bem visto pelo Irã, que ameaçou boicotar o evento e sugeriu que outros países muçulmanos fizessem o mesmo. “A liberdade de expressão é inegociável”, disse Juergen Boos, presidente do feira.
Com segurança reforçada, Rushdie afirmou que sem liberdade de expressão não existem direitos. “Nós não deveríamos ter de falar sobre isso no Ocidente. Deveria ser como o ar que respiramos. Me parece que a batalha foi vencida algumas centenas de anos atrás e o fato de estarmos lutando novamente é resultado de um fenômeno recente lamentável”. Autor de Versos Satânicos, que lhe rendeu uma sentença de morte, o escritor britânico de origem indiana disse também que sem esta liberdade as outras fracassam.
Rushdie foi citado na abertura deste que é o maior encontro do mercado editorial internacional – e que nesta edição presta homenagem à Indonésia –, mas as falas de Monika Grütters, ministra da Cultura da Alemanha, de Peter Feldmann, prefeito de Frankfurt, de Boos e de Heinrich Riethnüller, presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros, foram mais amplas e discutiram as responsabilidades de editores e escritores neste momento e como a literatura pode contribuir para este processo de receber, bem, os refugiados.
“A literatura pavimenta o caminho da tolerância e os livros podem ajudar na integração entre os povos”, disse Riethmüller. “Provavelmente, apenas a literatura é capaz de mexer nos limites: expandindo o que podemos pensar e imaginar, abrindo mundos para além do horizonte de nossas experiências, ampliando as fronteiras de nossa empatia ao nos ajudar a nos familiarizarmos com o desconhecido e, assim, nos permitindo sentir o que o outro sente", comentou Grütters.