O Estado de S. Paulo

Marcas imunes à crise

- Rafaela Borges rafaela.borges@estadao.com

Mercado projeta queda de quase 30% nas vendas, mas há empresas que crescem mais de 70%

Acrise financeira que afeta o País, juntamente com a maior maturidade do consumidor brasileiro, está mudando o panorama do mercado de veículos após anos seguidos de recordes de vendas. Em vez de VW Gol e Fiat Palio, com preços em torno dos R$ 30 mil, a liderança do ranking em setembro (pelo segundo mês seguido) ficou com o Chevrolet Onix, cuja tabela começa em R$ 38.390. Além disso, as poucas marcas que têm crescido significat­ivamente oferecem apenas carros que custam mais de R$ 50 mil.

Enquanto a queda do mercado geral deverá ser de quase 30% neste ano, conforme a An- favea, associação que reúne as montadoras, Audi, Honda, Jeep e Mercedes celebram os bons resultados. Em comum, todas essas marcas apostam em utilitário­s compactos, segmento que mais cresce no País.

“O lançamento do HR-V coincidiu com o momento de crise política, que deixou o consumidor mais criterioso, e fez com que ele pensasse mais antes de comprar”, diz o diretor comercial da Honda do Brasil, Roberto Akiyama. “Acertamos ao reunir nesse carro tecnologia, conectivid­ade e belo design.”

A espera por um HR-V pode chegar a seis meses. O jipinho é o principal responsáve­l pelo cresciment­o de 18% das vendas da Honda neste ano. A tabela parte de R$ 73.700, mas a maior parte dos pedidos (52%) é da opção de topo, a R$ 92.900.

Da Audi, o segredo do sucesso – e do cresciment­o de cerca de 40% neste ano – é o Q3. O movimento, porém, é inverso ao da Honda. As vendas dispararam após a chegada de uma nova versão de entrada, com motor 1.4 de 150 cv.

O Q3 não apenas desbancou o A3 Sedan do topo da lista de mais vendido da marca, como passou a concorrer com o Mercedes-Benz Classe C pela liderança do segmento de luxo.

O motor “menor” – há também um 2.0 com duas versões de potência – está em cerca de 65% dos Q3 vendidos no País.

Embora tenha tabela a partir de R$ 127.190, o Q3 1.4 é vendido a R$ 119.900. “O mercado brasileiro é muito suscetível a preço. Mas que em qualquer outro país, aqui é preciso ter uma política agressiva”, diz o presidente da subsidiári­a brasileira da Audi, Jörg Hofmann.

O valor praticado para o Q3, aliás, parece ser um número cabalístic­o no mercado de luxo brasileiro. É o mesmo preço pedido nas concession­árias Mercedes por um Classe C na versão C180, de entrada – a ta- bela é de R$ 134.900. O sedã liderou o segmento premium em setembro (veja na próxima página).

Após a chegada da atual geração, no ano passado, as vendas do modelo da Mercedes dispararam. De janeiro a setembro deste ano, foram 5.189 unidades, 108% a mais que no mesmo período de 2014. A marca, que registra alta de 71,5% nos emplacamen­tos, ocupa o segundo lugar entre as que mais vêm avançando no mercado nacional.

O primeiro posto é da Jeep. O sucesso é creditado ao Renegade, primeiro carro feito na fábrica da empresa, que pertence à Fiat, em Pernambuco. Antes, a empresa vendia aqui só modelos de nicho, todos importados.

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