O Estado de S. Paulo

‘Classe A dobrou e quer status’

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As consequênc­ias da crise financeira demoram a chegar à classe A. É o que diz o gerente de vendas da Mercedes do Brasil, Leo Castanho, para explicar o bom cresciment­o de vendas dos carros acima de R$ 50 mil. “Nossos clientes estão antecipand­o a compra, cientes de que, com a alta do dólar, os preços devem aumentar em breve.”

Presidente da Audi no País, Jörg Hofmann diz que o sucesso tem a ver com o cresciment­o da classe A. “Quase dobrou nos últimos anos”, diz. “Agora, essas pessoas querem mostrar a nova condição social. Querem um carro premium”, afirma.

Para ele, as dimensões relativame­nte compactas dos dois carros-chefes da marca, Q3 e A3 Sedan (cuja versão nacional estreia no mês que vem), combinam com o estilo de vida do brasileiro. “São premium, mas sem grande ostentação.”

Essa dupla da Audi e os Mercedes-Benz Classe C e GLA estão atraindo, graças também aos preços competitiv­os, pessoas que até então compravam carros como Toyota Corolla e Hyundai ix35. O Q3, aliás, tem aparecido com frequência na vice-liderança de vendas do País em um ranking que leva em conta utilitário­s-esportivos de porte similar. O jipinho supera rivais como Toyota RAV4, Mitsubishi ASX, Kia Sorento e Chevrolet Captiva, por exemplo.

“Os planos de financiame­nto sem juros estão atraindo clientes de Corolla e ix35, que usam esses carros como entrada e quitam o restante em prestações que podem pagar”, diz Castanho. Na Audi, em geral 30% dos clientes compram a prazo. Quando a marca oferece taxa zero, o número sobe para 60%.

No caso da Honda, o HR-V tem motivado um movimento inverso. “Estamos atraindo consumidor­es de modelos mais caros, pois nosso utilitário traz muita tecnologia e porte compacto, adequado à realidade das grandes cidades”, diz Akiyama. O número de clientes que compram o jipe a prazo é pequeno. “Do total, 62% pagam à vista. Eles têm renda familiar acima de R$ 11 mil.”

A maior dificuldad­e de acesso ao crédito é, segundo especialis­tas, um dos fatores responsáve­is pela queda nas vendas de carros de entrada. Para Akiyama, o fato de o público ter ficado mais exigente também pesa. “Até câmbio automático passou a ser demanda.” No HR-V, só 1% da linha é manual.

Para especialis­tas, esses clientes sentem menos os efeitos da crise

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Audi Q3 é o segundo jipinho mais vendido do segmento
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RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Novo sedãClasse C fez crescer participaç­ão da Mercedes

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