O Estado de S. Paulo

DUELO DE BRAVOS RS DESAFIA T-JET

- Hairton Ponciano hairton.ponciano@estadao.com

Eles não nasceram como rivais. O Renault Sandero (originalme­nte Dacia, marca romena de baixo custo do grupo) veio ao mundo para atender quem busca espaço. Leva três pessoas tamanho “G” no banco de trás, além das malas de todos no amplo porta-malas. De tão sensato, não havia preocupaçã­o com um desenho bacana. Já o Fiat Punto surgiu exibindo belas linhas, e menor área útil. Em resumo, um era função, o outro, forma.

Mas na segunda página (ou, no caso, parágrafo) dessa história, as coisas mudam. O Sandero continua oferecendo um salão, mas agora também na versão esportiva RS. Com tabela de R$ 58.880, é o mais novo rival do Punto T-Jet (R$ 68.150). Aqui, eles se enfrentam. E ficou difícil para o Fiat.

Além de largar na frente por ser quase R$ 10 mil “mais leve” que o Punto, o Sandero é o único dessa dupla a oferecer motor flexível. O do Punto T-Jet só aceita gasolina.

Outras vantagens presentes só no Renault são auxiliar de partida em rampa, câmbio de seis marchas (no Fiat há cinco), controles de tração e estabilida­de. Além disso, o seguro do Punto é cerca de 50% mais caro.

Começando pelo desempenho, esses hatches empolgam, embora usem receitas diferentes. A Renault instalou no Sandero o motor 2.0 16V de Fluence e Duster. São até 150 cv e 20,9 mkgf (com etanol). A Fiat seguiu a linha do “downsizing”, com a adoção de motor menor e turbo. Esse 1.4 gera 152 cv e 21,1 mkgf.

O Sandero é mais temperamen­tal. Ele tem um ronco nervoso, que mexe com os instintos do motorista, e também respostas imediatas.

Isso é graças ao câmbio de seis marchas e relações curtas. É como se a 6ª fosse a 5ª; a 5ª fosse a 4ª e assim por diante. O motor gira sempre “cheio”, favorecend­o o desempenho, embora os efeitos colaterais sejam ruído e consumo elevados.

Outro aspecto favorável ao Sandero é seu peso. Na versão RS, são 1.161 kg, Com 1.263 kg, o T-Jet é 102 kg mais pesado. É como se o Fiat fosse para a pista encarar o Sandero levando dois sacos de cimento a bordo.

Além disso, por causa do turbo, no Fiat há um pequeno lag (demora de reações) em baixa rotação. O ideal é que se mantenha o 1.4 acima das 2.000 rpm. A partir daí, a turbina começa a “encher” melhor o motor.

Os dois carros ficam bem espertos quando no modo esportivo de condução. No Sandero, o acionament­o é por meio de uma tecla no painel. No Punto, um estiloso seletor no console pode mudar suas reações.

Se em modo “manso” o Sandero tende a ser mais agradável de guiar, no mais bravo os dois hatches praticamen­te se equiparam. Isso porque na opção Dynamic o T-Jet passa a ser outro carro: pode acelerar de 0 a 100 km/h em 8,3 segundos e vai a 203 km/h, conforme dados da Fiat. De acordo com a Renault, o Sandero RS leva 8 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e alcança 202 km/h.

Números são frios e apontam para um empate técnico. Na prática, o RS é mais bravo.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil