O Estado de S. Paulo

‘Vou sobreviver’, diz ex-presidente sobre suspeitas contra ele e o partido

Aos dirigentes da legenda, Lula afirma estar sendo alvo de um ‘massacre’; aliados avaliam que ele será candidato em 2018

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Diante de investigaç­ões conduzidas pela Polícia Federal que envolvem até integrante­s de sua família, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem ao Diretório Nacional do PT que vai “sobreviver” à “pancadaria” até as eleições de 2018. A declaração foi interpreta­da por lideranças petistas como um sinal de que Lula está disposto a concorrer à sucessão de Dilma Rousseff.

“Se o objetivo é truncar qualquer perspectiv­a de futuro, vão ser três anos de muita pancada- ria”, previu ele. “E podem estar certos: eu vou sobreviver. Não sei se eles sobreviver­ão”.

Aplaudido pela plateia, Lula afirmou que a oposição terá de “aguentar” sua presença na cena política. “Eu não sei quanto tempo eu tenho de vida, mas podem ter certeza de que nossos adversário­s vão ter de aguentar a gente”, desafiou o ex-presidente, que em 2011 enfrentou um câncer de laringe. “Quem quiser sair do PT, que saia. Esse partido tem porta aberta para entrar e para sair. Agora, não tem outro jeito: em época de dificuldad­e econômica, a gente tem de ir para rua. A única coisa que não vale é se esconder.”

Lula admitiu, porém, que a situação é “delicada” e o cenário , de muita dificuldad­e para ele e o PT. “Não esperem benevolênc­ia, não esperem caridade. É luta”, afirmou o ex-presidente, ao cobrar que os petistas defendam o legado do partido, do seu governo e da gestão Dilma. “Não temos o direito de permitir que se discuta o impeachmen­t”, insistiu ele.

Apesar de prever mais adversidad­es pela frente, o ex-presidente se animou com a pesquisa Ibope que o coloca à frente dos adversário­s nas intenções de voto para 2018, mesmo com seu alto índice de rejeição.

Segundo a pesquisa, 23% votariam “com certeza” em Lula, 15% em Aécio Neves (PSDB),

Aproximaçã­o Lula disse que, em vez de tentar derrubar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o PT deveria se aproximar do PMDB. Fez o mesmo discurso em almoço com parlamenta­res do PC do B. 11% em Marina Silva (Rede), 8% em José Serra (PSDB), 7% em Geraldo Alckmin (PSDB) e 4% em Ciro Gomes (PDT).

O mesmo levantamen­to mostra que Lula lidera também na rejeição com 55% contra 54% de Serra, 52% de Alckmin e Ciro, 50% de Marina e 47% de Aécio.

O ex-presidente comentou com aliados que “para quem vive um massacre, até que está bom demais” e minimizou a alta rejeição, sob o argumento de que se trata de um reparo da população a “todos os políticos” por conta da Lava Jato.

O presidente do PT, Rui Falcão, reiterou que o partido “adoraria” ter Lula como candidato em 2018, mas disse que a decisão ainda não foi tomada.

A reunião de ontem do Diretório Nacional do PT serviu para abrir formalment­e o debate sobre as disputas municipais de 2016. Ao adiantar o calendário, o PT seguiu orientação de Lula, para quem a formação de alianças nas próximas eleições deve ser usada como moeda de troca para recompor a base do governo no Congresso.

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