O Estado de S. Paulo

País teme risco de ‘ficar velho antes de ficar rico’

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Os números e o ritmo de evolução da “bomba demográfic­a” chinesa assombram as autoridade­s de Pequim, que há anos temem o risco de o país ficar velho antes de se tornar rico. A mudança da diretriz de controle de natalidade para uma política de dois filhos foi adotada ao fim de reunião da cúpula do Partido Comunista para discutir os princípios que vão orientar o desenvolvi­mento do país nos próximos cinco anos.

Entre as justificat­ivas para a alteração estava a necessidad­e de enfrentar o desafio do envelhecim­ento populacion­al. A taxa de cresciment­o natural da população chegou ao “nível de reposição” já em 1993.

Mas esse não é o único problema gerado pelo controle de natalidade. A política de filho único, adotada em 1975, também agravou o desequilíb­rio sexual na população chinesa, em razão do aborto seletivo de fetos do sexo feminino.

Com uma população total atual estimada em 1,357 bilhão de pessoas, a China tem pelo menos 34 milhões de homens a mais que mulheres e o número deverá chegar a algo entre 40 milhões e 50 milhões até metade do século, calcula Valerie Hudson, especialis­ta e professora da Escola Bush de Governo e Serviço Público, no Texas. A taxa de fertilidad­e divulgada pelo governo em 2012 estava em 1,66 filho por mulher.

“O encolhimen­to da força de trabalho e a anômala proporção entre os sexos provocam grave preocupaçã­o na China”, disse Hudson ao Estado.

A professora também considera a mudança importante, mas insuficien­te, e alerta que seu impacto só será sentido no longo prazo. “As gerações que se tornarão adultas nos próximos 20 anos já nasceram.”

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