Presidente lamenta queda de desempenho
O comício da presidente Cristina Kirchner ontem foi seu primeiro após o mau resultado de domingo, que aproximou o conservador Mauricio Macri da Casa Rosada e abriu uma guerra na busca de culpados para o desempenho de Daniel Scioli.
“Pela primeira vez, a Argentina vai a segundo turno. Sim, haverá segundo turno porque somos uma força democrática”, afirmou, respondendo a rumores de uma desistência de Scioli. “Para nosso grupo, é um pouco estranho. Vínhamos crescendo e agora temos de ir ao segundo turno”, afirmou, referindose às últimas eleições presidenciais, em que ela teve 44% e 54% dos votos.
Cristina não mencionou o nome de Scioli e referiu-se a Macri como “o opositor”. Contrariando seu próprio discurso, pediu que, ao bater em cada porta, seus militantes não falem mal do projeto rival, mas enumerem conquistas. “Precisamos que as políticas macroeconômicas continuem. Escolheremos um modelo de país, não deixem que nos dividam”, pediu.
Macri é beneficiado pelo confronto entre governistas. Os mais próximos a Scioli responsabilizam a presidente por ter permitido a candidatura de seu chefe de gabinete, Aníbal Fernández. Ele perdeu o governo da Província de Buenos Aires, onde estão 37% dos eleitores do país. O peronismo – do qual o kirchnerismo é uma corrente – dominava a região havia 28 anos. Fernández tem alta rejeição entre os moderados por acusações de ligação com o narcotráfico.
Os “sciolistas” também a culpam pelas aparições em rede nacional – foram 44 este ano. “Ninguém foi capaz de dizer a ela que em cada cadeia nacional perdíamos 700 mil votos”, protestou o empresário Alberto Samid, conhecido como “Rei da Carne”.