Maioria das escolas fechadas fica na periferia
Apenas 9 dos 25 colégios atingidos pela medida na capital estão em áreas centrais
único. Na cidade de São Paulo, apenas nove das fechadas pertencem às diretorias de ensino centrais (centro, centro-oeste e centro-sul). As outras 16 são de áreas periféricas, como a Escola Professor Antonio de Oliveira, na zona leste. A unidade também já tem apenas um ciclo, o fundamental 1 (do 1.º ao 5.º ano) e, segundo funcionários, acolhe turmas em seis das dez salas.
“Sempre tivemos bom desempenho nas avaliações, 98% dos alunos se alfabetizam nos primeiros anos. E a unidade tem toda a estrutura para os alunos menores, com biblioteca, brinquedoteca, paredes coloridas. É um desperdício perder uma escola como essa e colocálos em qualquer lugar”, disse uma professora, que pediu para não ser identificada.
A Escola Mary Moraes, na zona sul, também só atende alunos do 1.º ciclo da região de Paraisópolis. Para o diretor Eduardo Paulo Berardi Junior, a reestruturação pode dificultar o acesso de alunos. “Mesmo que a escola para onde forem esteja a 1,5 km, pode complicar, já que muitos moram longe.”
Quando assumiu a direção do colégio, Berardi Junior mudou para uma casa no mesmo bairro para ter mais contato com a comunidade, disse. “Fizemos muitas adaptações para que a escola atendesse melhor as crianças.”
A secretaria ainda não detalhou para onde os alunos de escolas fechadas serão transferidos. Mas informou que os colégios fechados na capital estão “consideravelmente ociosos”. “Possuem atualmente 13 mil alunos matriculados, mas têm capacidade para 31,6 mil estudantes, o que representa 58,8% de ociosidade”, disse em nota. As 94 unidades “disponibilizadas” terão os prédios repassados às prefeituras, para abrigar creches, ou ao Centro Paula Souza, para escolas técnicas ou faculdades de tecnologia.
Protesto. Ontem, professores e alunos fizeram mais uma manifestação contra a reorganiza- ção e o fechamento das escolas. Segundo a Apeoesp, sindicato dos professores, 50 mil pessoas participaram do ato que saiu da Avenida Paulista e foi até a Praça da República, sede da Secretaria de Educação. A PM não fez estimativa de manifestantes.
Para a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, a divulgação da lista de escolas mostrou que o argumento do governo de que quer melhorar a qualidade é “enganação”. “Tudo indica que essa reforma é só para reduzir custos, não tem por que fechar essas escolas”, completou o secretário do sindicato, Leandro de Oliveira.