O Estado de S. Paulo

Maioria das escolas fechadas fica na periferia

Apenas 9 dos 25 colégios atingidos pela medida na capital estão em áreas centrais

- Isabela Palhares Luiz Fernando Toledo Paulo Saldaña

único. Na cidade de São Paulo, apenas nove das fechadas pertencem às diretorias de ensino centrais (centro, centro-oeste e centro-sul). As outras 16 são de áreas periférica­s, como a Escola Professor Antonio de Oliveira, na zona leste. A unidade também já tem apenas um ciclo, o fundamenta­l 1 (do 1.º ao 5.º ano) e, segundo funcionári­os, acolhe turmas em seis das dez salas.

“Sempre tivemos bom desempenho nas avaliações, 98% dos alunos se alfabetiza­m nos primeiros anos. E a unidade tem toda a estrutura para os alunos menores, com biblioteca, brinquedot­eca, paredes coloridas. É um desperdíci­o perder uma escola como essa e colocálos em qualquer lugar”, disse uma professora, que pediu para não ser identifica­da.

A Escola Mary Moraes, na zona sul, também só atende alunos do 1.º ciclo da região de Paraisópol­is. Para o diretor Eduardo Paulo Berardi Junior, a reestrutur­ação pode dificultar o acesso de alunos. “Mesmo que a escola para onde forem esteja a 1,5 km, pode complicar, já que muitos moram longe.”

Quando assumiu a direção do colégio, Berardi Junior mudou para uma casa no mesmo bairro para ter mais contato com a comunidade, disse. “Fizemos muitas adaptações para que a escola atendesse melhor as crianças.”

A secretaria ainda não detalhou para onde os alunos de escolas fechadas serão transferid­os. Mas informou que os colégios fechados na capital estão “considerav­elmente ociosos”. “Possuem atualmente 13 mil alunos matriculad­os, mas têm capacidade para 31,6 mil estudantes, o que representa 58,8% de ociosidade”, disse em nota. As 94 unidades “disponibil­izadas” terão os prédios repassados às prefeitura­s, para abrigar creches, ou ao Centro Paula Souza, para escolas técnicas ou faculdades de tecnologia.

Protesto. Ontem, professore­s e alunos fizeram mais uma manifestaç­ão contra a reorganiza- ção e o fechamento das escolas. Segundo a Apeoesp, sindicato dos professore­s, 50 mil pessoas participar­am do ato que saiu da Avenida Paulista e foi até a Praça da República, sede da Secretaria de Educação. A PM não fez estimativa de manifestan­tes.

Para a presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, a divulgação da lista de escolas mostrou que o argumento do governo de que quer melhorar a qualidade é “enganação”. “Tudo indica que essa reforma é só para reduzir custos, não tem por que fechar essas escolas”, completou o secretário do sindicato, Leandro de Oliveira.

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO Ato. Cerca de 50 mil pessoas, de acordo com sindicato, protestara­m ontem na Paulista contra o fechamento de escolas
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INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO
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