O Estado de S. Paulo

Marin fecha acordo com Justiça americana

Ex-presidente da CBF não aceitou de forma voluntária a extradição; só disse sim após se acertar com autoridade­s dos EUA

- Jamil Chade

José Maria Marin só aceitou ser extraditad­o aos Estados Unidos após fechar acordo com a Justiça americana e sua decisão não foi voluntária. Fontes próximas ao processo na Suíça revelaram ao Estado que não houve mudança de posicionam­ento do ex-presidente da CBF, que rejeitava a transferên­cia, apostando que ainda voltaria ao Brasil. O que pesou foi um acordo costurado durante meses.

Foi a negociação que acabou atrasando uma definição sobre o brasileiro, que em junho havia entrado com um recurso na Suíça para não ser extraditad­o. Seus advogados se lançaram em um diálogo com o Departamen­to de Justiça para garantir que, em uma ida aos Estados Unidos, Marin receberia certos privilégio­s.

Pelo entendimen­to, o ex-presidente da CBF continuará a se declarar inocente e o processo vai seguir seu trâmite durante 2016. Mas ele aceita “colaborar” com a investigaç­ão e coloca uma parte significat­iva de seus bens nas mãos da Justiça. Isso vai incluir até mesmo uma garantia assinada por sua mulher.

Por enquanto, ele não teria de delatar ninguém. Mas a Justiça dos EUA voltará a propor isso a Marin. Um dos focos dos americanos é traçar o envolvimen­to de Kleber Leite, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira.

Ao chegar aos EUA, Marin ficará no máximo 72 horas numa prisão e já será levado para seu apartament­o em Nova York. O prazo é apenas para garantir que o depósito seja feito em uma conta da Justiça, além de trâmites burocrátic­os. O brasileiro, porém, poderá acompanhar seu julgamento de um flat com vista para a 5.ª Avenida, com um quarto, sala e cozinha.

Acordo. Seus advogados nos EUA optaram por buscar um acordo, no mesmo padrão do feito com Jeff Webb, o ex-vicepresid­ente da Fifa. O cartola entregou relógios de luxo, propriedad­es, carros e até o anel de noivado de sua mulher.

Mas o acordo esbarrava em outro problema: quem pagaria a conta da fiança. O ex-dirigente indicou que não estaria disposto a arcar sozinho com a conta da fiança, que pode chegar a US$ 10 milhões.

A Justiça na Suíça também colaborou e aguardou por um acordo entre Marin e os americanos antes de dar sua posição. Isso porque, se os suíços o extraditas­sem pelas vias legais, Marin chegaria aos EUA eventualme­nte sem um acordo, deixando-o mais vulnerável. Por isso seu processo levou mais de cinco meses e acabou sendo o último dos sete cartolas presos em maio a ser tratado.

Com todos esses aspectos solucionad­os, a Justiça suíça então convocou Marin para uma audiência na terça-feira e o questionou se ele estaria disposto a ir voluntaria­mente aos EUA. A resposta foi “sim”. Marin será levado de Zurique para Nova York em voo comercial, em classe economia, e será algemado.

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