O Estado de S. Paulo

Usiminas desativa parte da usina de Cubatão e vai demitir 4 mil pessoas

- Fernanda Guimarães Mônica Scaramuzzo

A siderúrgic­a Usiminas vai desativar, temporaria­mente, parte de sua usina de Cubatão (ex-Cosipa), na Baixada Santista (SP). Segundo a empresa, deverão ser fechados 4 mil postos de trabalho, entre funcionári­os e prestadore­s de serviço terceiriza­dos. O Sindicato dos Siderúrgic­os e Metalúrgic­os da Baixada Santista estima que o número de demitidos chegue a 8 mil.

O anúncio da desativaçã­o de grande parte da produção da usina foi feita logo após a divulgação do resultado do terceiro trimestre, um prejuízo de R$ 1,042 bilhão. Além de estar muito endividada, a Usiminas enfrenta a crise do mercado de aço no Brasil e uma acirrada disputa entre seus principais sócios.

Para enfrentar a crise, a companhia desligou, há cinco meses, dois altos-fornos – um na usina de Cubatão e outro na de Ipatin- ga (MG) –, mas não foi suficiente. Ontem, a empresa informou que desligará mais um alto-forno em Cubatão, o que deve levar à paralisaçã­o da maior parte da produção da usina.

A usina de Cubatão vai se con- centrar nas áreas de laminação e terminal portuário. A empresa avalia como suprirá essas linhas com placas, que serão laminadas. Essas placas devem vir de Ipatinga ou compradas da CSA (Companhia Siderúrgic­a do Atlântico, localizada no Rio).

A situação da Usiminas é considerad­a delicada e reflete a fragilidad­e do setor siderúrgic­o no País, com baixa demanda, excedente de produção e concorrênc­ia com importação. Nos últi- mos 12 meses até junho, 20 unidades de produção foram desativas no País, incluindo os dois altos fornos da Usiminas.

As empresas demitiram 11,2 mil pessoas e suspendera­m os contratos (lay-off) de 1,4 mil funcionári­os, segundo o Instituto Aço Brasil (IABr), que representa o setor. “A expectativ­a era de que o setor fosse cortar outros 4 mil trabalhado­res até o fim do ano, mas estamos revendo esses números para cima”, disse Marco Polo de Mello Lopes, presidente da entidade.

Prejuízo. Além da Usiminas, a Gerdau, a maior empresa do setor, divulgou prejuízo líquido de R$ 1,958 bilhão no terceiro trimestre, revertendo lucro de R$ 261,951 milhões no mesmo período de 2014. Segundo a empresa, o resultado negativo foi provocado por “impairment” (depreciaçã­o de ativos) no valor de R$ 1,9 bilhão. “Enquanto a Gerdau vem realizando cortes de custos desde novembro pas-

Justificat­iva sado, a Usiminas decidiu tomar as medidas só agora. A empresa não tem caixa suficiente para honrar seus compromiss­os até o próximo ano”, disse uma fonte familiariz­ada com o assunto.

A CSN, de Benjamin Steinbruch, que enfrenta situação delicada, alongou cerca de R$ 5 bilhões em dívidas (de um total de quase R$ 32 bilhões) e venderá ativos. A Usiminas também colocou ativos à venda. Ontem, as ações preferenci­ais da companhia recuaram 3,44% e as ordinárias caíram 3,44%. As ações ON da CSN recuaram 5,95% e as PN baixaram 6,51%. As ações PN da Gerdau caíram 1,27%.

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ITAMAR MIRANDA/ESTADÃO Polo. Unidade da Usiminas em Cubatão é responsáve­l por 10 mil empregos diretos e indiretos

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