Com prejuízo, Via Varejo demite 11 mil no ano
Empresa dona das bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio intensificou o plano de corte de custos, que inclui também fechamento de lojas
Ao divulgar, ontem, o seu segundo prejuízo trimestral consecutivo, a Via Varejo, dona das bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio, tentou mostrar ao mercado que está se mexendo para enfrentar o período de vendas fracas. O plano de reestruturação, iniciado no segundo trimestre e agora intensificado, passa por demissões, fechamento de lojas e renegociação de contratos de aluguéis. Em 2015, foram fechados 11 mil postos de trabalho – 6 mil deles só no terceiro trimestre. Ontem, depois da divulgação dos resultados, as ações da companhia controlada pelo Grupo Pão de Açúcar fecharam em queda de 4,14%.
A empresa já havia anunciado o fechamento de 31 lojas com altos custos operacionais ao longo do terceiro trimestre. Um centro de distribuição e cinco entrepostos também deixaram de operar. Cerca de 40% dos contratos de aluguéis foram renegociados. Os executivos da Via Varejo esperam que as medidas gerem uma economia de R$ 1 bilhão no ano.
“Estamos fazendo um esforço muito grande na redução de pessoal, otimização da malha logística, na melhoria da ocupa- ção de espaços em armazenagem e de tornar a empresa mais protegida ante um cenário de maior instabilidade. Vamos dar continuidade a esse plano”, disse Peter Paul Lorenço Estermann, que, no início do mês, assumiu a presidência da varejista no lugar do executivo Líbano Barroso. Ele ressaltou que a Via Varejo vai acelerar as iniciativas do plano, com “método, disciplina e senso de urgência” para atingir melhorias “significativas” no curto e médio prazo.
Apesar dos cortes, o total de despesas operacionais da empresa subiu no trimestre em razão de despesas extraordinárias com a reestruturação. Foram R$ 119 milhões a mais relacionados às mudanças na estrutura da companhia. Com isso, o total de despesas operacionais chegou a R$ 1,3 bilhão entre ju-
Reestruturação lho e setembro, aumento de 6,8% na comparação com os mesmos meses de 2014. Sem esse efeito extraordinário, porém, a empresa teria reduzido as despesas em 1,5% na comparação anual.
A despesas relacionadas à reestruturação também afetaram o resultado líquido, com prejuízo de R$ 46 milhões no terceiro trimestre. Se esse efeito fosse desconsiderado, a companhia teria apurado um lucro líquido de R$ 33 milhões, resultado que ainda é 85,7% inferior ao lucro líquido ajustado do terceiro trimestre de 2014.
Resultado fraco. Para analistas do banco Brasil Plural, os resultados da varejista foram fracos, com vendas prejudicadas pelo cenário macroeconômico e pela política comercial menos agressiva da empresa no período. “Como resultado, vemos maiores chances de a estratégia da companhia mudar no próximo ano, tornando-se mais agressiva em termos de preços”, disse o analista Guilherme Assis em relatório.
De fato, o presidente da Via Varejo declarou na teleconferência com analistas que a prioridade da empresa é dar “foco absoluto em iniciativas comerciais que garantam nosso crescimento de vendas”. De acordo