O Estado de S. Paulo

O legado de Renato Russo volta a ser objeto de disputa entre seu filho e os legiões Dado e Bonfá

- Julio Maria

Giuliano Manfredini, herdeiro e filho único de Renato Russo, tem nas mãos o peso da história. Aos 26 anos, o administra­dor dos direitos autorais deixados pelo líder da Legião Urbana, morto em 1996, fala com promessas de devoto. “Eu vou olhar pela obra do meu pai até o meu último dia de vida.”

Seu nome saiu dos bastidores semana passada para ressurgir no front de um tiroteio. Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, guitarrist­a e baterista remanescen­tes da Legião, estavam com um box pronto para ser lançado. Uma caixa que traria o CD da Legião de 1985, o primeiro do grupo, e outro com material inédito, sobras de estúdio e uma canção chamada 1977, que a Legião jamais gravou e que daria origem a outras duas músicas, Fábrica e Tempo Perdido. A canção 1977, então, se tornou objeto de disputa.

Manfredini diz que a música foi feita apenas por seu pai, sem participaç­ão dos outros integrante­s. “Eu tenho como provar, e essas provas serão usadas na Justiça, já que o Dado está me ameaçando de processo”, diz. Sendo assim, os direitos autorais seriam apenas do próprio herdeiro.

Dado e Bonfá não concordam. Divulgaram um documento com a letra da música carimbada pelo antigo departamen­to de censura da Polícia Federal que mostra o nome dos três como autores. Ontem, a reportagem tentou ouvir Dado, sempre mais citado na entrevista por Giuliano. Informado de que o filho de Renato disse ter provas da autoria solo de seu pai a respeito de 1977, apenas respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que vai esperar que ele mostre as provas que tem primeiro.

Giuliano Manfredini veio até a redação do Estado na tarde de ontem para falar sobre o assunto ao jornal e à Rádio Estadão. Acusou novamente os outros integrante­s do grupo de tentarem se apropriar indevida- mente da canção, falou sobre outros projetos que envolvem o nome de seu pai, disse que ainda tem muito material inédito a ser conhecido e deu sua opinião sobre a atual temporada de shows que Dado e Marcelo Bonfá fazem pelo Brasil com o vocalista André Frateschi co- mo forma de homenagear a Legião Urbana.

Qual sua opinião sobre os shows que Dado e Bonfá fazem com o repertório da Legião? Olha... ( longa pausa). Eu nunca tive qualquer objeção com relação a eles tocarem Legião Ur- bana, fazerem turnês... Minha política é de fomento. Quanto mais se toca a obra do meu pai, melhor. Mas tem uma coisa, eu não acho que exista Legião Urbana sem Renato Russo.

Mas eles dizem que não estão substituin­do Renato nem reto- mando a Legião. Se quisessem mesmo fazer dessa forma, apenas deveriam deixar isso mais claro. Uma hora dizem que é uma coisa, outra dizem que é a volta da Legião com um vocalista substituin­do Renato. Acho que é preciso ser mais sincero.

O que achou da experiênci­a com o Wagner Moura ( em 2012, Wagner cantou com Dado e Bonfá em show da MTV)? Como falei, Legião Urbana sem Renato não existe.

Leia a sequência da entrevista com Giuliano Manfredini na pág. C4

 ?? NILTON FUKUDA/ESTADÃO ?? Manfredini. “Vou cuidar da obra de meu pai até meu último dia de vida”
NILTON FUKUDA/ESTADÃO Manfredini. “Vou cuidar da obra de meu pai até meu último dia de vida”
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil