O Estado de S. Paulo

Dilma afirma que País não é ‘prisioneir­o do ajuste’

Presidente falta a cerimônia em MS, mas discurso é lido pela ministra da Agricultur­a

- José Maria Tomazela

Em discurso lido ontem pela ministra da Agricultur­a, Katia Abreu, no lançamento de um projeto para dobrar a capacidade de celulose da empresa Fibria em Três Lagoas (MS), a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não está parado, nem é prisioneir­o da agenda de ajustes da economia. “Não estamos prisioneir­os da agenda de ajustes. Temos uma agenda consistent­e de estímulo ao desenvolvi­mento”, afirmou.

O recado foi dado um dia depois que o PMDB divulgou documento criticando o “desequilíb­rio fiscal” e de o vice-presidente Michel Temer ter afirmado que o governo se equivocou na condução da política econômica. Dilma cancelou sua ida à cerimônia de última hora, após sua mãe, dona Dilma Jane, de 92 anos, ter passado mal durante a noite.

Segundo o discurso da presidente lido pela ministra da Agricultur­a, um investimen­to como o da Fibria, de R$ 7,7 bilhões, não ocorre num país em que está sem perspectiv­as e no qual o empresaria­do não confia.

“Nenhum empresário investe se não tiver confiança no retorno dos recursos aplicados. ( O investimen­to) É expressão da confiança da Fibria no desenvolvi­mento sustentáve­l do Brasil.”

‘Pessimista­s’. No discurso que leria no evento, a presidente defendeu o ajuste fiscal, mas disse que as medidas não travam o desenvolvi­mento do País. “Em momento de ajuste e de transição, a expansão da fábrica mostra que os empresário­s não se deixam levar pelas análises conjuntura­is pessimista­s e não paralisam suas obras, confiando que o Brasil retomará os investimen­tos e que vale a pena investir nele.”

Ela defendeu ainda o Banco de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), que participou do investimen­to da Fibria.

Em entrevista, Katia Abreu, que é do PMDB, negou-se a responder a perguntas sobre o documento divulgado pelo partido. “Vim aqui para falar da Fibria e do Brasil.”

A ministra, porém, defendeu o ajuste fiscal e cobrou a votação dos projetos no Congresso. “Ou votamos as medidas que estão sendo propostas pela Fazenda, ou vamos estar optando pelo pior imposto que existe, que é o imposto inflacioná­rio.”

Segundo ela, os investimen­tos do governo em infraestru­tura não estão sendo divulgados pela imprensa, que prefere

ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que a presidente Dilma Rousseff teria como alternativ­a para a crise política propor um pacto pelo qual aceitaria renunciar ao mandato mediante a aprovação de reformas que o Congresso resiste em fazer por conta própria – como melhorar os sistemas partidário e eleitoral, além do previdenci­ário.

“Ou ela assume e chama o País às falas, apresenta um caminho crível para o País e recupera a força para poder governar, ou então ela pelo menos deixa uma marca forte: ‘Eu saio se vocês aprovarem tal e tal coisa’”, afirmou o ex-presidente tucano, em entrevista à Rádio Gaúcha.

mostrar as ações da Justiça. “O que precisamos divulgar para o Brasil, e isso é da maior importânci­a, acho que a Justiça está cumprindo bem o seu papel, mas precisamos fazer o

Fernando Henrique procurou explicar o que seria o gesto de grandeza da presidente proposto por ele. “Como a presidente está em uma situação tão delicada, tão difícil, de tão baixa popularida­de e, ao mesmo tempo, com tanta dificuldad­e de aprovar qualquer coisa no Congresso, o que seria com grandeza? ‘Olha aqui, vocês querem que eu saia? Eu saio, mas vocês primeiro me deem tais e tais reformas, para criar um clima mais positivo.’”

Para ele, as prioridade­s deveriam ser as regras eleitorais e na previdênci­a. “Muda a reforma eleitoral, porque esse sistema está fracassado. Mexe a Previdênci­a, porque se não vai falir. Exige umas tantas coisas que sejam anseios nacionais e: ( diz) ‘Se fizerem isso, eu caio fora’. Um gesto e, se fizer isso, nem cai fora, porque ganha ( força política).” Brasil crescer. E isso quem faz não é o governo, é a iniciativa privada e os trabalhado­res que precisam de emprego. E isso não se faz com pessimismo.”

De acordo com a ministra,

Recuo Anteontem, a cúpula do PT e o ex-presidente Lula recuaram publicamen­te das críticas mais duras ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy

apesar das críticas dos “pessimista­s”, o Plano de Investimen­tos em Logística está caminhando e uma das obras, a duplicação da BR-262, em Mato Grosso do Sul, recebeu 29 manifesta-

ções de interesse, o que mostraria que a iniciativa privada quer investir no País.

“Sei que é difícil ficar sabendo pelo noticiário, mas o Brasil real está acontecend­o.”

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FIBRIA Discurso. Kátia Abreu na inauguraçã­o das obras do complexo da Fibria

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