Dilma afirma que País não é ‘prisioneiro do ajuste’
Presidente falta a cerimônia em MS, mas discurso é lido pela ministra da Agricultura
Em discurso lido ontem pela ministra da Agricultura, Katia Abreu, no lançamento de um projeto para dobrar a capacidade de celulose da empresa Fibria em Três Lagoas (MS), a presidente Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não está parado, nem é prisioneiro da agenda de ajustes da economia. “Não estamos prisioneiros da agenda de ajustes. Temos uma agenda consistente de estímulo ao desenvolvimento”, afirmou.
O recado foi dado um dia depois que o PMDB divulgou documento criticando o “desequilíbrio fiscal” e de o vice-presidente Michel Temer ter afirmado que o governo se equivocou na condução da política econômica. Dilma cancelou sua ida à cerimônia de última hora, após sua mãe, dona Dilma Jane, de 92 anos, ter passado mal durante a noite.
Segundo o discurso da presidente lido pela ministra da Agricultura, um investimento como o da Fibria, de R$ 7,7 bilhões, não ocorre num país em que está sem perspectivas e no qual o empresariado não confia.
“Nenhum empresário investe se não tiver confiança no retorno dos recursos aplicados. ( O investimento) É expressão da confiança da Fibria no desenvolvimento sustentável do Brasil.”
‘Pessimistas’. No discurso que leria no evento, a presidente defendeu o ajuste fiscal, mas disse que as medidas não travam o desenvolvimento do País. “Em momento de ajuste e de transição, a expansão da fábrica mostra que os empresários não se deixam levar pelas análises conjunturais pessimistas e não paralisam suas obras, confiando que o Brasil retomará os investimentos e que vale a pena investir nele.”
Ela defendeu ainda o Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que participou do investimento da Fibria.
Em entrevista, Katia Abreu, que é do PMDB, negou-se a responder a perguntas sobre o documento divulgado pelo partido. “Vim aqui para falar da Fibria e do Brasil.”
A ministra, porém, defendeu o ajuste fiscal e cobrou a votação dos projetos no Congresso. “Ou votamos as medidas que estão sendo propostas pela Fazenda, ou vamos estar optando pelo pior imposto que existe, que é o imposto inflacionário.”
Segundo ela, os investimentos do governo em infraestrutura não estão sendo divulgados pela imprensa, que prefere
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que a presidente Dilma Rousseff teria como alternativa para a crise política propor um pacto pelo qual aceitaria renunciar ao mandato mediante a aprovação de reformas que o Congresso resiste em fazer por conta própria – como melhorar os sistemas partidário e eleitoral, além do previdenciário.
“Ou ela assume e chama o País às falas, apresenta um caminho crível para o País e recupera a força para poder governar, ou então ela pelo menos deixa uma marca forte: ‘Eu saio se vocês aprovarem tal e tal coisa’”, afirmou o ex-presidente tucano, em entrevista à Rádio Gaúcha.
mostrar as ações da Justiça. “O que precisamos divulgar para o Brasil, e isso é da maior importância, acho que a Justiça está cumprindo bem o seu papel, mas precisamos fazer o
Fernando Henrique procurou explicar o que seria o gesto de grandeza da presidente proposto por ele. “Como a presidente está em uma situação tão delicada, tão difícil, de tão baixa popularidade e, ao mesmo tempo, com tanta dificuldade de aprovar qualquer coisa no Congresso, o que seria com grandeza? ‘Olha aqui, vocês querem que eu saia? Eu saio, mas vocês primeiro me deem tais e tais reformas, para criar um clima mais positivo.’”
Para ele, as prioridades deveriam ser as regras eleitorais e na previdência. “Muda a reforma eleitoral, porque esse sistema está fracassado. Mexe a Previdência, porque se não vai falir. Exige umas tantas coisas que sejam anseios nacionais e: ( diz) ‘Se fizerem isso, eu caio fora’. Um gesto e, se fizer isso, nem cai fora, porque ganha ( força política).” Brasil crescer. E isso quem faz não é o governo, é a iniciativa privada e os trabalhadores que precisam de emprego. E isso não se faz com pessimismo.”
De acordo com a ministra,
Recuo Anteontem, a cúpula do PT e o ex-presidente Lula recuaram publicamente das críticas mais duras ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy
apesar das críticas dos “pessimistas”, o Plano de Investimentos em Logística está caminhando e uma das obras, a duplicação da BR-262, em Mato Grosso do Sul, recebeu 29 manifesta-
ções de interesse, o que mostraria que a iniciativa privada quer investir no País.
“Sei que é difícil ficar sabendo pelo noticiário, mas o Brasil real está acontecendo.”