O Estado de S. Paulo

Baiano afirma que Renan recebeu ‘repasses’ de lobista

Fernando Soares diz em acareação que recursos oriundos da Diretoria Internacio­nal da Petrobrás foram destinados ao presidente do Senado

- Julia Affonso Ricardo Brandt Fausto Macedo Mateus Coutinho

O lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, afirmou à Polícia Federal que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) recebeu “repasses” por meio do também lobista Jorge Luz, investigad­o na Operação Lava Jato. Durante acareação com Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecime­nto da Petrobrás, Baiano afirmou que os valores destinados a Renan tiveram origem em contratos da Diretoria Internacio­nal da Petrobrás.

A acareação foi realizada no dia 5 e durou cerca de 10 horas. Fernando Baiano citou também o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Assevera que realizou apenas alguns repasses pontuais envolvendo o PMDB, dentre eles o relacionad­o a Eduardo Cunha e a Renan Calheiros (quanto a este sempre por meio de Jorge Luz), conforme consta de seus termos de oitiva”, diz um trecho do termo de acareação.

O presidente do Senado é alvo de três inquéritos no Supremo Tribunal Federal por fatos relacionad­os à investigaç­ão sobre corrupção e cartel na estatal petrolífer­a. As investigaç­ões estão sob segredo de Justiça.

No termo de acareação, Baia- no não informou quanto teria sido pago ou como o repasse teria sido feito.

Preso preventiva­mente desde novembro do ano passado, o lobista já foi condenado pela Justiça Federal no Paraná a 16 anos, um mês e dez dias de reclusão, por corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo a sentença, o operador teria intermedia­do propina de US$ 15 milhões sobre contratos de navios-sonda. Os valores teriam sido repassados à diretoria da Área Internacio­nal da Petrobrás, ocupada na época por Nestor Cerveró.

Contato. Em outro trecho, Baiano sustentou “que jamais realizou repasses ao PMDB oriundos da Diretoria de Abastecime­nto, mas sim relacionad­os a contratos da área internacio­nal; que, afirma que todos os repasses ao PMDB foram feitos por meio de Jorge Luz, observando que quanto a Renan Calheiros, jamais teve contato pessoal com o mesmo.”

Baiano deixará a cadeia no próximo dia 18. Em setembro deste ano, ele fechou acordo de delação premiada com a Procurador­ia-Geral da República.

Na acareação, o lobista citou também outros políticos como o Jader Barbalho (PMDB/PA), o senador do PT, Delcídio Amaral (MS), líder do Governo Dilma Rousseff no Senado, e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau (2005-2007, no governo Lula). “Na questão das sondas, Nestor Cerveró lhe disse que teria havido uma reunião com o ministro Silas Rondeau, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Delcídio Amaral e que o ministro necessitav­a que um auxilio fosse dado ao PMDB e que a partir daquela data o PMDB passaria apoiar Nestor Cerveró junto a Diretoria Internacio­nal.”

Procurado por meio de sua assessoria, Renan não respondeu ao questionam­ento do Estado. Osenador peemedebis­ta tem negado reiteradam­ente qualquer envolvimen­to em irregulari­dades. Os outros parlamenta­res citados e o ex-ministro Silas Rondeau também já negaram participaç­ão em irregulari­dades.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–15/7/2015 Investigaç­ão. Renan Calheiros é alvo de inquéritos no Supremo no âmbito da Lava Jato
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