Presidente oferece caminhões-pipa e Exército a Hartung
Dilma se reuniu com governador e prefeitos; técnicos capixabas fazem análise em MG e relatam metais pesados
Depois de se reunir com o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), a presidente Dilma Rousseff anunciou que vai ajudar o Estado com o envio de tropas do Exército para garantir a segurança e de caminhões-pipa para a região. “Hoje demos um passo importante com a consolidação de uma atuação conjunta do governo federal, governos estaduais e mu- nicípios atingidos. Nesta fase emergencial vamos atuar tendo como prioridade ações que atendam a população.”
A presidente chegou ao Espírito Santo às 15h40. Acompanhada do governador Hartung, participou de uma reunião com representantes das prefeituras de Baixo Guandu, Colatina e de Linhares.
Hartung aproveitou o encontro para apresentar à presidente uma proposta de Plano de Recuperação da Bacia do Doce. O documento estabelece diretrizes e uma série de ações para recuperação de nascentes, cobertura florestal, além de ampliação e modernização de sistemas de esgoto ao longo do rio e seus afluentes. Segundo Hartung, o plano foi baseado no pro- jeto Olhos D’água, do Instituto Terra, liderado pelo fotógrafo Sebastião Salgado.
Após o encontro, Dilma disse apoiar a iniciativa proposta pelo governador capixaba. “Hartung apresentou um projeto oportuno e estruturante para recuperação da Bacia do Rio Doce, lembrando que esse rio é a fonte da vida e merece ser recuperado”, disse a presidente.
Segundo ela, o rompimento das barragens em Mariana (MG) é um dos maiores desastres que o País já sofreu “tendo em vista os impactos sobre o meio ambiente a sociedade e a economia local”.
As famílias que moram às margens do Rio Doce, no Espírito Santo, já foram retiradas para que se evite o contato com a lama que desce de Minas. A ação aconteceu no fim de semana. “Foi um trabalho duro durante o fim de semana, usando helicópteros para fazer a remoção”, disse Hartung. A nova previsão de chegada da lama à cidade de Baixo Guandu é após a segunda-feira. Em Colatina, a lama deve aparecer no dia 17. Análise. O resultado da análise laboratorial das amostras de água coletadas no Rio Doce, em Minas, apontou níveis acima das concentrações aceitáveis de metais pesados como mercúrio, arsênio, ferro e chumbo na lama que escorreu para o rio com o rompimento das barragens em Mariana (MG). O prefeito de Baixo Guandu (ES), Neto Barros (PCdoB), confirmou a informação.
“Para se ter uma ideia, a quan- tidade de arsênio encontrada na amostra foi de 2,6394 miligramas e o aceitável é de no máximo 0,01 miligrama”, afirmou. “Encontramos praticamente a Tabela Periódica inteira na água.”
Em nota, a Samarco afirmou que o rejeito armazenado nas barragens não era tóxico e disse desconhecer o laudo. “A empresa reforça que o rejeito é classificado como material inerte e não perigoso”, afirmou.