O Estado de S. Paulo

Moradores e prefeito ameaçam parar ferrovia

Eles querem que a Vale, que controla a Samarco, resolva a crise de água causada na região pela lama das barragens

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Manifestan­tes e até o prefeito de uma cidade ameaçam interrompe­r o tráfego do minério de ferro na ferrovia que liga a região do Vale do Rio Doce ao Espírito Santo caso a Vale, uma das controlado­ras da Samarco, não resolva a crise de abastecime­nto de água das cidades afetadas pela lama das barragens que se romperam em Mariana.

Ontem, manifestan­tes interrompe­ram o tráfego na estrada de ferro em Governador Valadares, queimando pneus sobre os trilhos. À tarde, a Vale obteve decisão liminar que obriga a desobstruç­ão da via férrea, e os manifestan­tes desocupara­m a área às 18h30 de forma pacífica.

O protesto havia sido feito por moradores de Governador Valadares contrários à interrupçã­o no fornecimen­to de água na cidade, que tem 296 mil habitantes. O município suspendeu a captação no Rio Doce após a lama das barragens da Samarco, em Mariana, chegar à região.

Além do transporte de minério, a via que teve o tráfego interrompi­do é usada para levar pas- sageiros entre Vitória e Belo Horizonte. Em cima de pneus e com uma bandeira do Brasil nas costas, o radialista Ricardo Pedrosa, de 38 anos, empunhava um microfone. “As chamas são velas do velório do Rio Doce. Aqui a água virou ouro.”

Ele disse que o movimento, convocado pelas redes sociais, começou às 14 horas, após a passagem do trem de passageiro­s. “O que aconteceu foi um crime ambiental. Enquanto não tiver água não vamos deixar o trem passar”, disse o radialista. A causa ganhou apoio de moradores vizinhos à linha férrea, que reforçavam o pedido pela retomada do abastecime­nto. Desde que ele foi interrompi­do na cidade, os moradores enfrentam dificuldad­es até para comprar água mineral.

Justiça. Ontem, a Justiça havia deferido pedido do Ministério Público Estadual para que a Samarco passasse a fornecer 800 mil litros de água por dia para amenizar os problemas no abastecime­nto em Governador Valadares.

No Espírito Santo, o prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros (PCdoB), ameaça colocar máquinas da administra­ção municipal sobre a ferrovia da Vale, que corta o município do noroeste capixaba. A cidade deve ser atingida neste fim de semana pela lama de rejeitos provenient­e das barragens.

Barros quer providênci­as da Vale. Em mensagem escrita no Facebook, o prefeito da cidade de 30 mil habitantes detalhou o plano. “Comunicamo­s à Vale e a sociedade que a prefeitura colocará suas máquinas sobre os trilhos da estrada de ferro Vitória a Minas e paralisará o transporte de minério de ferro”, escreveu. Barros afirma que a situação visa a expor e a responsabi­lizar a empresa pelo “crime ambiental” cometido na região./

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GABRIELA BILO / ESTADÃO Protesto. Manifestan­tes atearam fogo a pneus nos trilhos

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