O Estado de S. Paulo

TCM suspende nova licitação de ônibus

Tribunal critica duração do contrato, de 40 anos, e suspende por 10 dias a abertura de envelopes; Haddad diz que esperava questionam­entos

- Rafael Italiani Luiz Fernando Toledo

O Tribunal de Contas do Município (TCM) suspendeu por dez dias a abertura dos envelopes dos três lotes da nova licitação dos ônibus de São Paulo. A decisão foi tomada entre anteontem e ontem e atrasa os planos da Prefeitura de verificar as propostas nos próximos dias 18, 19 e 20.

O órgão fez quase cem consideraç­ões e quer saber o motivo de o valor inicial da concessão passar de R$ 120 bilhões para R$ 166 bilhões. O relator do pro- cesso e vice-presidente do tribunal, Edson Simões, questiona ainda o prazo de 40 anos da concessão, o que daria aos empresário­s poder sobre o transporte municipal por esse período.

Na análise dos técnicos da Corte, a cidade terá uma oferta maior de transporte sobre trilhos com novas linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos (CPTM) e de metrô. Ou seja, no futuro, o setor será remunerado por passageiro­s transporta­dos pelos vagões.

A Corte tomou como exemplo o ano de 2003, quando o atual contrato foi assinado. Na época, segundo a Secretaria de Estado dos Transporte­s Metropolit­anos, o sistema sobre trilhos transporta­va 3,5 milhões de passageiro­s por dia. Agora, com novas linhas de Metrô, como a 5-Lilás e 4-Amarela, a rede leva 7,6 milhões de pessoas.

No relatório entregue ao secretário municipal de Transporte­s, Jilmar Tatto, o TCM ainda questiona o Centro de Controle Operaciona­l (CCO), apresentad­o pela Prefeitura como novidade e primordial para acompanhar em tempo real a movimentaç­ão dos ônibus na cidade.

Para o TCM, essa ideia não está clara. Segundo o documento que está nas mãos de Tatto, “faltam elementos esclareced­ores da implantaçã­o do CCO como projeto básico de sua infraestru­tura física e detalhamen­to da utilização de mão de obra técnica no desenvolvi­mento dos softwares e treinament­o de sua utilização, entre outros”.

A promessa de Haddad de punir as empresas por qualidade do serviço a partir da opinião e avaliação dos passageiro­s também não está clara para o TCM. “Não constatamo­s incidência na remuneraçã­o das concession­árias de indicadore­s objetivos de qualidade dos serviços de operação, com exceção do cumpriment­o da demanda e do fator de disponibil­idade de frota. Não está claro se os resultados da avaliação dos serviços terão algum reflexo na remuneraçã­o das concession­árias ou se serão objeto de penalidade contra-

tual”, afirma o relatório.

Positivo. A gestão Fernando Haddad (PT) deveria ter assinado o novo serviço em 2013, quando os antigos contratos venceram. Haddad disse ontem que a suspensão da abertura dos envelopes da licitação era esperada e pode ser positiva.

“Assim que anunciei o edital, disse que isso poderia acontecer. Era previsível. Acho natural que aconteça, inclusive, porque é um contrato muito grande.” Para Haddad, a ação do TCM é “desejável”, já que pode melhorar o contrato.

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