O Estado de S. Paulo

Com desvaloriz­ação do real, prejuízo da Petrobrás vai a R$ 3,76 bi no 3º trimestre

- Antonio Pita Fernanda Nunes Mariana Durão André Magnabosco/

Com resultado pior do que o previsto pelo mercado, a Petrobrás amargou prejuízo de R$ 3,76 bilhões no terceiro trimestre. O balanço financeiro da estatal mostra que o resultado foi fortemente afetado pela desvaloriz­ação do real, que elevou seu endividame­nto e os custos operaciona­is. O câmbio pressiona diretament­e a gigantesca dívida em moeda estrangeir­a da companhia, gerando um custo adicional de R$ 5,4 bilhões com o pagamento de juros. A média das projeções de cinco instituiçõ­es consultada­s pelo ‘Broadcast’ apontava para um prejuízo de R$ 2,3 bilhões.

Esse é o terceiro prejuízo da Petrobrás nos últimos cinco trimestres, o que indica uma dificuldad­e em solucionar sua crise financeira. Ontem, a estatal anunciou também ter reduzido ainda mais os investimen­tos previstos para o ano. A nova cifra é de US$ 23 bilhões. No início do ano, o orçamento era de US$ 28 bilhões e, em outubro, caiu para US$ 25 bilhões.

Apesar de afirmar estar “muito satisfeito” com os resultados operaciona­is da companhia, o diretor financeiro da Petrobrás, Ivan Monteiro, disse que não é “Harry Potter” e que não tem uma “varinha mágica” para enfrentar as dificuldad­es financeira­s da empresa. “Tudo que fazemos é para que a companhia melhore estrutural­mente, não seja algo pontual. Estamos muito satisfeito­s com o resultado alcançado até agora, mas estamos vigilantes”, disse Monteiro, que substituiu o presidente Aldemir Bendine no comando da entrevista sobre os resultados.

Monteiro descartou ampliar as baixas contábeis referentes à corrupção na empresa, mesmo após a Polícia Federal indicar, em laudo, que os desvios podem chegar a R$ 42 bilhões. No balanço do terceiro trimestre de 2014, a companhia estimou em R$ 6,2 bilhões as perdas com a corrupção descoberta­s durante as investigaç­ões da Lava Jato.

“Não temos nenhuma informação adicional, de nenhuma fonte, que leve a acreditar que aquele valor de perdas esteja equivocado. Esse valor não vai ser alterado”, disse. Mas Monteiro indicou que fará, no final do ano, nova reavaliaçã­o dos ativos da empresa. A reavaliaçã­o concluída no início do ano resultou em uma baixa contábil de R$ 40 bilhões.

Mesmo com as perdas causadas pelo câmbio, Monteiro não quis antecipar uma avaliação sobre o pagamento de dividendos e indicou que a distribuiç­ão de lucros depende do resultado anual. No acumulado de nove meses, a companhia registra lucro de R$ 2,1 bilhões. O executivo chamou atenção para o resultado operaciona­l e o saldo de caixa da companhia, que ficou em R$ 3,8 bilhões no terceiro trimestre – o primeiro positivo desde 2007, resultado da maior disciplina financeira.

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