Em 3 meses, dívida DESEMPENHO RUIM da Petrobrás cresce R$ 78 bilhões
Desvalorização do real elevou a dívida líquida da companhia para R$ 402 bilhões; empresa fala em vender ativos para aliviar as contas
Principal fragilidade da Petrobrás, a dívida líquida da companhia cresceu R$ 78 bilhões somente entre julho e setembro, alcançando R$ 402,3 bilhões, segundo o balanço divulgado ontem pela empresa. A alta decorre diretamente da valorização do dólar em relação ao real. O diretor financeiro da estatal, Ivan Monteiro, condicionou a redução dessa dívida à conclusão do plano de desinvestimentos da empresa, que prevê US$ 15,1 bilhões em venda de ativos até o ano que vem.
O balanço financeiro da estatal mostra que o nível de alavancagem – relação entre a dívida líquida e a geração de caixa da companhia, indicador que me- de o excesso de endividamento – subiu a 5,2 vezes no trimestre, ante 4,6 vezes registrada no segundo trimestre. A meta da própria companhia é fechar o ano com nível de 3,3 vezes.
Monteiro sinalizou que a empresa trabalha para reestruturar e alongar os prazos dos compromissos de pagamento das dívidas, como uma forma de aliviar a pressão sobre o caixa da Petrobrás.
Segundo ele, “não há risco” de os desinvestimentos não saírem do papel. A meta da empresa é, em cinco anos, vender US$ 57 bilhões em ativos. Em 2015, a companhia vendeu US$ 200 milhões e, caso conclua a venda da subsidiária Gaspetro até dezembro, ainda terá mais US$ 500 milhões. O negócio, fechado com o grupo japonês Mitsui, depende da aprovação de órgãos reguladores.
Segundo Monteiro, a conclusão do plano de venda de ativos para o próximo ano permitirá que a companhia não precise voltar ao mercado para captar novos financiamentos em 2016. Somente neste ano, a estatal já contratou US$ 11 bilhões em empréstimos, com o objetivo de fechar o ano com saldo de caixa de US$ 22 bilhões. A companhia também negocia mais US$ 3 bilhões em financiamentos, neste ano, para suprir a necessidade de caixa estimada para o próximo ano.
Após ter o grau de investimento cassado por três agências de classificação de risco, a Petrobrás está em busca de alternativas de captação que não elevem excessivamente o seu custo de financiamento. Uma das modalidades em estudo seria a venda com arrendamento e opção de compra (operação
Principais números da Petrobrás no 3º trimestre de cada ano
Lucro
Cenário conhecida como sales and leaseback) de plataformas de produção de petróleo.
Monteiro disse ainda que, em alguns casos, a empresa pode manter a operação de ativos que vierem a ser vendidos. Ele citou o exemplo de gasodutos, que podem ser repassados a terceiros que, ao adquirirem o ati-
Ebitda vo, assinariam um contrato garantindo à Petrobrás a operação da rede.
Na próxima segunda-feira, a diretoria da Petrobrás, liderada por Monteiro, viajará ao exterior para “dar uma volta ao mundo”, passando por países como China, Estados Unidos, México, Canadá e Inglaterra. “Não conseguimos dar conta da agenda de tanto interesse. Todos querem ter a Petrobrás como parceira”, disse Monteiro.
Greve. A diretoria da Petrobrás minimizou o efeito da greve dos petroleiros, iniciada há duas semanas, sobre a sua atividade. Na área de Gás e Energia, não houve prejuízo, disse o diretor do segmento, Hugo Repsold. Nas plataformas, a infor- mação da empresa é de que a queda de produção foi de 5%. Ainda assim, disse a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, a meta de produção traçada para o ano, de 2,1 milhões de barris por dia (bpd) está mantida.
Também as exportações de petróleo e derivados, que durante o ano contribuíram para o resultado, se mantêm no mesmo patamar, de acordo com o diretor de Abastecimento, Jorge Celestino.