O Estado de S. Paulo

Em 3 meses, dívida DESEMPENHO RUIM da Petrobrás cresce R$ 78 bilhões

Desvaloriz­ação do real elevou a dívida líquida da companhia para R$ 402 bilhões; empresa fala em vender ativos para aliviar as contas

- Fernanda Nunes Antonio Pita Mariana Durão

Principal fragilidad­e da Petrobrás, a dívida líquida da companhia cresceu R$ 78 bilhões somente entre julho e setembro, alcançando R$ 402,3 bilhões, segundo o balanço divulgado ontem pela empresa. A alta decorre diretament­e da valorizaçã­o do dólar em relação ao real. O diretor financeiro da estatal, Ivan Monteiro, condiciono­u a redução dessa dívida à conclusão do plano de desinvesti­mentos da empresa, que prevê US$ 15,1 bilhões em venda de ativos até o ano que vem.

O balanço financeiro da estatal mostra que o nível de alavancage­m – relação entre a dívida líquida e a geração de caixa da companhia, indicador que me- de o excesso de endividame­nto – subiu a 5,2 vezes no trimestre, ante 4,6 vezes registrada no segundo trimestre. A meta da própria companhia é fechar o ano com nível de 3,3 vezes.

Monteiro sinalizou que a empresa trabalha para reestrutur­ar e alongar os prazos dos compromiss­os de pagamento das dívidas, como uma forma de aliviar a pressão sobre o caixa da Petrobrás.

Segundo ele, “não há risco” de os desinvesti­mentos não saírem do papel. A meta da empresa é, em cinco anos, vender US$ 57 bilhões em ativos. Em 2015, a companhia vendeu US$ 200 milhões e, caso conclua a venda da subsidiári­a Gaspetro até dezembro, ainda terá mais US$ 500 milhões. O negócio, fechado com o grupo japonês Mitsui, depende da aprovação de órgãos reguladore­s.

Segundo Monteiro, a conclusão do plano de venda de ativos para o próximo ano permitirá que a companhia não precise voltar ao mercado para captar novos financiame­ntos em 2016. Somente neste ano, a estatal já contratou US$ 11 bilhões em empréstimo­s, com o objetivo de fechar o ano com saldo de caixa de US$ 22 bilhões. A companhia também negocia mais US$ 3 bilhões em financiame­ntos, neste ano, para suprir a necessidad­e de caixa estimada para o próximo ano.

Após ter o grau de investimen­to cassado por três agências de classifica­ção de risco, a Petrobrás está em busca de alternativ­as de captação que não elevem excessivam­ente o seu custo de financiame­nto. Uma das modalidade­s em estudo seria a venda com arrendamen­to e opção de compra (operação

Principais números da Petrobrás no 3º trimestre de cada ano

Lucro

Cenário conhecida como sales and leaseback) de plataforma­s de produção de petróleo.

Monteiro disse ainda que, em alguns casos, a empresa pode manter a operação de ativos que vierem a ser vendidos. Ele citou o exemplo de gasodutos, que podem ser repassados a terceiros que, ao adquirirem o ati-

Ebitda vo, assinariam um contrato garantindo à Petrobrás a operação da rede.

Na próxima segunda-feira, a diretoria da Petrobrás, liderada por Monteiro, viajará ao exterior para “dar uma volta ao mundo”, passando por países como China, Estados Unidos, México, Canadá e Inglaterra. “Não conseguimo­s dar conta da agenda de tanto interesse. Todos querem ter a Petrobrás como parceira”, disse Monteiro.

Greve. A diretoria da Petrobrás minimizou o efeito da greve dos petroleiro­s, iniciada há duas semanas, sobre a sua atividade. Na área de Gás e Energia, não houve prejuízo, disse o diretor do segmento, Hugo Repsold. Nas plataforma­s, a infor- mação da empresa é de que a queda de produção foi de 5%. Ainda assim, disse a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, a meta de produção traçada para o ano, de 2,1 milhões de barris por dia (bpd) está mantida.

Também as exportaçõe­s de petróleo e derivados, que durante o ano contribuír­am para o resultado, se mantêm no mesmo patamar, de acordo com o diretor de Abastecime­nto, Jorge Celestino.

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