Ambiente econômico é o pior desde 1989
Indicador de Clima Econômico no Brasil, calculado pela FGV, está no menor patamar desde o início das medições
O ambiente econômico no Brasil é o pior desde janeiro de 1989, quando a Fundação Getulio Vargas (FGV) passou a medir o índice em parceria com o instituto alemão Ifo. No trimestre encerrado em outubro, o Indicador de Clima Econômico (ICE) brasileiro recuou 8,3%, passando de 48 pontos em julho para 44 pontos agora. Os dados fazem parte da Sondagem da América Latina.
A FGV consultou os especialistas sobre os principais fatores que limitam o crescimento econômico dos países. No Brasil, a falta de confiança na política econômica do governo aparece em primeiro lugar, seguido pelo déficit público e pela preocupação com a inflação. Falta de competitividade internacional e desemprego também foram apontados como obstáculos para o avanço do País.
O recuo no indicador brasileiro foi puxado pelas expectativas, que pioraram 10,5%, chegando a 68 pontos. “Isso mostra que as políticas ainda não acertaram o tom para retomar o crescimento”, observou a economista Lia Valls, pesquisadora da FGV.
Na região, o ICE brasileiro é melhor apenas que o da Venezuela, que está em 20 pontos, patamar mínimo da pesquisa, desde meados de 2013. Além disso, o Brasil é o penúltimo de 11 países no ranking dos últimos quatro trimestres. Em relação a outubro de 2014, o ICE brasileiro recuou 22,8%.
Dívidas. Na América Latina como um todo, o clima econômico piorou 5,4%, com a deterioração das expectativas em países que antes sustentavam perspectivas favoráveis, como a Colômbia e o México. “O preço das commodities continua muito baixo, e os Estados Unidos ainda não voltaram a crescer com a pujança que se imaginava. Além disso, o comércio mundial não está crescendo tanto, e muitos países tiveram aumento de suas dívidas”, explicou Lia.
Nos trimestre encerrado em outubro, o ICE latino-americano completou dez trimestres em que está abaixo de sua média histórica. Além disso, nenhum dos países investigados na pesquisa está em nível favorável, acima dos 100 pontos.
No conjunto, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru e Uruguai pioraram, enquanto Argentina e Chile tiveram leve melhora.