O Estado de S. Paulo

‘Navio do Brasil não está afundando’, diz Clinton

Em evento em Brasília, ex-presidente dos EUA pediu que brasileiro­s olhem no longo prazo e declarou que ‘o mundo precisa do êxito do País’

- Isabela Bonfim

O ex-presidente do Estados Unidos Bill Clinton afirmou que “o navio do Brasil não está afundando” e pediu que os brasileiro­s olhassem para o longo prazo. No encerramen­to do Encontro Nacional da Indústria, em Brasília, Clinton tentou resgatar a confiança do empresaria­do, apontando que o País passa por um momento difícil, mas que, em cinco anos, eles se perguntarã­o por que estavam tão preocupado­s.

Bem-humorado, o ex-presidente americano brincou com a plateia e disse que só foi convidado porque, infelizmen­te, sua mulher, Hillary Clinton, pré-candidata democrata à presidênci­a dos EUA, não poderia vir. Clinton também saudou os ex-presidente­s Fernando Henrique e Luiz Inácio Lula da Silva. “Foi um grande prazer para mim ser um presidente na década de 90 e trabalhar com o FHC, ver o nascimento do programa Bolsa Escola, que se expandiu com o presidente Lula e se transformo­u no Bolsa Família.”

Segundo Clinton, assim como a Europa enfrenta o desafio da imigração, o Brasil enfrenta a queda na demanda mundial. “O recuo da demanda da China é o desafio do momento. Sabemos que o Brasil depende muito das exportaçõe­s e que sofre com a queda nos preços do petróleo e das commoditie­s. Os chineses não vão mais poder comprar tanto do Brasil.”

Por outro lado, o ex-presidente destacou conquistas

Otimismo que acontecera­m no País nas últimas décadas. “Vejam a amplitude do desenvolvi­mento econômico e social, vejam o sucesso que o Brasil teve em conter a destruição da Amazônia, o êxito na política energética e na condução política como um todo.” E pediu que os empresário­s tenham foco no contexto geral. “É natural que fatos negativos dominem as manchetes, mas o futuro é mais ligado às tendências de longo prazo.”

Política. O ex-presidente tam- bém comentou a questão política nacional e o embate travado pelo governo com o Congresso, mas evitou tocar no nome da presidente Dilma Rousseff. “O Brasil e outros países, como a Índia, passam pelas mesmas dificuldad­es, onde as reformas da presidente têm sido impedidas pelo Parlamento.” Ele afirmou que as políticas para conter a crise de 2008 foram levadas para um caminho “distorcido”, mas elogiou o esforço do País em tornar seu sistema político mais limpo.

“Mesmo com a crise política, há mais coisa boa aqui do que ruim. E o mundo precisa que o Brasil tenha êxito”, afirmou. Clinton disse ainda que “todo americano tem interesse em ver o sucesso político e econômico do Brasil” e afirmou que os Estados Unidos precisam que seu maior parceiro político se consolide nas Américas.

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ERALDO PERES/AP Cordialida­de. Clinton menciona governos de FHC e Lula

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