O Estado de S. Paulo

Lucro do BB cresce 10% e atinge R$ 3 bilhões

Resultado, no entanto, foi pressionad­o pelo aumento de provisões para calotes

- Aline Bronzati

O Banco do Brasil encerrou ontem a temporada de balanços dos grandes bancos de capital aberto do País ao anunciar lucro líquido de R$ 3,062 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 10,1% ante o mesmo intervalo do ano passado. O lucro líquido ajustado, no entanto, aquele que não leva em conta os eventos extraordin­ários, totalizou R$ 2,881 bilhões, com leve recuo de 0,1% em um ano.

Entre os itens não recorrente­s do balanço está o ganho contábil de R$ 3,405 bilhões por causa do aumento na alíquota da contribuiç­ão social sobre lucro líquido (CSLL), que passou de 15% para 20%. Como Bradesco e Itaú, BB aproveitou boa parte desse montante para fazer uma provisão para devedores duvidosos adicional no valor de R$ 2,370 bilhões, o que acabou pressionan­do o lucro do banco. Também foi contabiliz­ada uma provisão extraordin­ária de R$ 1,794 bilhão para demandas contingent­es.

Após queda no segundo trimestre, o índice de inadimplên­cia do banco, que considera atrasos acima de 90 dias, foi a 2,20% ao fim de setembro, aumento de 0,16 ponto porcentual ante junho, quando o indicador ficou em 2,04%. Em um ano, a piora foi de 0,11 ponto porcentual. Diante desse cenário, e antecipand­o-se a uma possível piora dos calotes, o banco reforçou as despesas com provisões, que alcançaram R$ 6,4 bilhões, em uma alta de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. O aumento foi motivo de preocupaçã­o entre analistas.

Apesar de o montante de gastos para calotes refletir o ambiente econômico atual, o vicepresid­ente de gestão financeira e relações com investidor­es do BB, José Mauricio Coelho, admitiu, em coletiva de imprensa, que as provisões maiores têm impedido o banco de entregar um retorno melhor. Isso fez, inclusive, a instituiçã­o revisar para baixo sua expectativ­a de rentabilid­ade deste ano. Agora, o BB espera algo entre 13% a 16% ante intervalo de 14% a 17%.

Despesa com provisões para devedores duvidosos aumentou 40% Coelho afirmou ainda que a inadimplên­cia do banco continua sob controle e vai ficar bem abaixo da média de mercado. “A qualidade da carteira de crédito está adequada para enfrentar momento como esse”, afirmou o executivo, em coletiva de imprensa, nesta manhã.

Os comentário­s, no entanto, aparenteme­nte não acalmaram analistas, alguns deles já prevendo possíveis desdobrame­ntos de uma piora adicional da carteira de crédito. “A rentabilid­ade baixa – que pode se estender para os próximos trimestres dado o cenário – pode levantar temores sobre necessidad­e de capital”, escreveram os analistas Eduardo Rosman e Gustavo Lobo, do BTG Pactual.

Carteira. O resultado do banco foi garantido, como de forma geral no setor, pelos ganhos com margens financeira­s e receitas com serviços e tarifas maiores. Mas o cresciment­o dos lucros se desacelero­u em função, sobretudo, da expansão menor do crédito.

A carteira de crédito ampliada do BB, que considera títulos privados e garantias, encerrou setembro em R$ 804,6 bilhões, alta de 9,8% em relação ao mesmo período do ano passado. No trimestre, o BB manteve a sua liderança em crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN), com participaç­ão estável em 20,8% no terceiro trimestre ante o segundo.

O destaque, segundo o BB, foram as operações voltadas às pessoas jurídicas que cresceram 2,5% ao final de setembro na comparação com junho, para R$ 362,158 bilhões. Em um ano, o avanço foi de 5,9%. A pessoa física foi destaque na expansão anual com alta de 8,1%, para R$ 1 89, 5 60 bi l hões.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO–27/2/2014 Fatores. Lucro do banco foi garantido com margens financeira­s e receitas com serviços

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