Balanço da Suzano agrada ao mercado e ações sobem 6%
Além de ter apresentado resultado acima do esperado, empresa fará investimento de R$ 1,6 bi na expansão de fábricas
A fabricante de celulose Suzano, vice-líder do mercado brasileiro, divulgou ontem resultado operacional que surpreendeu o mercado e as ações da empresa tiveram ontem a maior alta da BM&FBovespa. Os papéis da Suzano subiram 5,39% e fecharam o dia valendo R$ 18,15. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) atingiu R$ 1,476 bilhão no terceiro trimestre, crescimento de 140% em relação ao mesmo período do ano passado.
Foi o suficiente para animar o mercado e para bancos divulgarem relatórios reforçando a recomendação para as ações da companhia, que é altamente exportadora e lucra com o dólar valorizado no Brasil. Para os bancos, a ação tem bom potencial de valorização. Os preçosalvo são de R$ 22 (Haitong), R$ 24 (Itaú BBA) e R$ 26 (BTG Pactual). Segundo relatório do BTG, o desempenho da companhia veio acima da já alta expectativa do mercado.
Parte do ânimo dos analistas se justifica pelo fato de a melhora no resultado da empresa se basear em fatores operacionais, e não somente na variação do câmbio. Os analistas Caio Ribeiro e Leonardo Corrêa, do BTG, destacaram os cortes de custos,
Produção A produção total da companhia de julho a setembro teve um avanço de 9,9%, para 1,245 milhão de toneladas, contra 1,132 milhão de toneladas do mesmo período do ano passado. o aumento das vendas de celulose (que cresceram 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado) e o forte avanço de 24% nas vendas de papel para o exterior.
Para reforçar as boas notícias, a Suzano anunciou investimentos para incrementar a produção de suas fábricas de Imperatriz (MA) e Mucuri (BA). O valor total a ser aplicado é de R$ 1,625 bilhão até 2018. Além disso, anunciou que pagará dividendos intermediários de R$ 120 milhões a seus acionistas. Nem o resultado líquido negativo no terceiro trimestre (com prejuízo de R$ 959 milhões) desanimou os investidores, já que o resultado reflete o efeito do câmbio na dívida da empresa cotada em moeda estrangeira.
Dívida. Mesmo com os investimentos anunciados ontem, o presidente da Suzano, Walter Schalka, afirmou ontem que a alavancagem – que calcula a ca- pacidade de uma companhia em pagar sua dívida – deverá continuar em queda. Isso será possível porque, segundo ele, os investimentos ocorrerão ao longo de três anos, com cerca de 50% do dinheiro oriundo de linhas de financiamento globais e do Banco Nacional de De- senvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O restante dos recursos virá de caixa próprio. “Continuará caindo a alavancagem, porque a geração de caixa mais do que absorve o investimento que será feito. Claro que depende do dólar, mas, se continuar entre R$ 3,80 e R$ 3,90, continuará caindo”, disse o executivo.
O diretor executivo financeiro e de relações com investidores, Marcelo Bacci, disse que a meta da empresa, de reduzir a alavancagem a 2,5 vezes o Ebitda até o fim do ano que vem, está mantida. Em 12 meses, a geração de caixa operacional da Suzano foi de R$ 3 bilhões. Somente no terceiro trimestre de 2015 o volume foi de R$ 1,228 bilhão, um avanço de 234% na comparação com o mesmo período de 2014.
Aumento de preço. O presidente da Suzano admitiu ontem, no entanto, que a empresa não teve muito sucesso ao aplicar o aumento de US$ 20 no preço da celulose determinado no último dia 1º de setembro. No entanto, ele afirmou que não há tendência de queda nos preços. No terceiro trimestre, o preço líquido médio do produto vendido pela empresa foi de US$ 627 por tonelada, um aumento de 11,9% (equivalente a US$ 67) em relação ao mesmo período do ano passado.