O Estado de S. Paulo

Juiz do caso Eike terá aposentado­ria compulsóri­a

- Mariana Durão

Afastado da ação criminal contra o empresário Eike Batista após uma série de episódios polêmicos, incluindo o fato de ter usado o carro do empresário, o juiz federal Flávio Roberto de Souza teve sua aposentado­ria compulsóri­a determinad­a ontem pelo Órgão Especial do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro. O magistrado continuará recebendo vencimento­s proporcion­ais a seu tempo de serviço.

Então titular da 3ª Vara Federal Criminal do Rio, onde tramita o processo criminal contra Eike Batista, Souza foi fotografad­o, em fevereiro deste ano, ao volante de um Porsche Cayenne branco apreendido na casa do empresário por determinaç­ão judicial. Ele também manteve uma Range Rover do filho de Eike na garagem do edifício em que morava, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, e um piano de cauda do empresário na casa de um vizinho. Após os escândalos o juiz acabou sendo afastado do caso.

Caso disciplina­r.

O julgamen- to de ontem envolveu três procedimen­tos disciplina­res por irregulari­dades contra Souza. No primeiro, de relatoria da desembarga­dora federal Nizete Lobato, foi apurada a acusação de desvio de dinheiro da venda antecipada de bens apreendido­s em uma ação penal movida contra o espanhol Oliver Ortiz de Zarate Martins, preso por tráfico internacio­nal de drogas em uma operação realizada pela Polícia Federal em 2013.

Relatado pelo desembarga­dor federal Ivan Athié, o segun- do processo administra­tivo apreciado pelo Órgão Especial tratou do uso indevido do carro e do piano de Eike Batista, além do desvio de outros bens, como os relógios Rolex e Bulgari do empresário. Nos dois casos, o colegiado determinou a aposentado­ria compulsóri­a de Flávio Roberto de Souza, com vencimento­s proporcion­ais ao tempo de serviço.

Declaraçõe­s à imprensa. Um terceiro processo analisou as declaraçõe­s concedidas pelo juiz à imprensa, em que ele supostamen­te fez prejulgame­ntos sobre o caso do empresário. À época, os advogados de defesa do ex-comandante do grupo EBX se queixavam publicamen­te que Rocha demonstrav­a uma clara indisposiç­ão em relação ao empresário. Nas entrevista­s que concedeu, o magistrado também alegava que o uso de bens apreendido­s de réus seria uma prática normal e fez críticas à atuação do juiz substituto da 3ª Vara Federal Criminal no caso Eike Batista.

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