O Estado de S. Paulo

Governador­es querem ampliar regras de renegociaç­ão de dívida

Encontro de hoje entre Pezão, Pimentel e Renan Filho serve de preparatór­ia para reunião com chefes do Executivo em Brasília

- Luciana Nunes Leal /

pretendem entrar na Justiça norte-americana com uma ação contra a fabricante do avião, por considerá-la responsáve­l pelos problemas enfrentado­s pelo piloto e copiloto. Oliveira criticou o fato de a Força Aérea Brasileira (FAB) ter “desclassif­icado” o copiloto e ter focado as investigaç­ões em falhas humanas.

Inquérito. A família do presidenci­ável do PSB, Eduardo Campos, em nota, destacou que existe um inquérito civil ainda em curso e afirmou que “o relatório do Cenipa foca a conduta dos pilotos e não aprofunda as condições e o projeto da aeronave, embora provocado para tanto”.

A família do ex-governador pernambuca­no declarou ainda que “o alegado cansaço e falhas do piloto relatados pelo Cenipa (Centro de Investigaç­ão e Prevenção de Acidentes Aeronáutic­os), no máximo, constituem culpa concorrent­e, precisando ser elucidada a possibilid­ade de erro de projeto”.

A mulher de Eduardo Campos, Renata, três filhos do casal e o irmão dele, Antonio, participar­am da apresentaç­ão do relatório feita ontem pelo órgão da Aeronáutic­a em Brasília.

Simulador. De acordo com informaçõe­s do Cenipa, o órgão não usou o simulador, apesar de ter tentado contatos com a empresa nos Estados Unidos. A justificat­iva, conforme o órgão da Aeronáutic­a, era que o aparelho não estava disponível, pois estava sendo usado justamente para a realização do relatório paralelo que os familiares das vítimas vão apresentar.

Mesmo assim, o Cenipa ressaltou que, durante todas as investigaç­ões sobre o acidente, não foram encontrado­s problemas que indicassem que havia falha mecânica nos equipament­os. Ao contrário, todos os dados apontavam que não houve este tipo de falha, informou o órgão. Com dificuldad­es de fechar as contas estaduais a cada mês, os governador­es de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e de Alagoas, Renan Filho (PMDB), se reúnem hoje em Belo Horizonte para discutir propostas de renegociaç­ão das dívidas com a União que possam ir além das novas regras de financiame­nto regulament­adas pelo governo federal nos últimos dias de 2015. Na véspera do encontro, Pezão disse que alguns Estados esperam reduções no curto prazo do serviço da dívida (pagamento de juros e amortizaçã­o), pago mensalment­e à União.

A reunião é preparatór­ia para o encontro de governador­es agendado para 1.º de fevereiro em Brasília. Os chefes dos Executivos de dez Estados e do Distrito Federal tiveram uma primeira reunião em 28 de dezembro. No mesmo dia, foram recebidos por Barbosa. Pezão, Renan e Pimentel foram escolhidos para elaborar a pauta prévia do encontro de hoje.

No caso da dívida com a União, o Rio paga 13% da Receita Líquida Real (RLR, receita dos 12 meses anteriores, excluídas operações de crédito, alienação de bens, transferên­cias e doações) emserviço da dívida, todos os meses. Em2015, foram pagos emmédia R$ 430 milhões mensais. “O que nos aflige é que ficamos engessados nessa proporção da receita. Queremos uma alternativ­a pelo menos para podermos vencer essa crise”, afirmou Pezão.

A dívida do Estado com a União é de R$ 66,89 bilhões. A dívida total do Rio, inclusive com bancos e organismos internacio­nais, é de R$ 99 bilhões e já ultrapassa o teto de 200% da Receita Corrente Líquida (RCL, soma das receitas, descontado­s repasses a municípios e outras deduções) imposto pela Lei de Responsabi­lidade Fiscal. No fim de 2015, a proporção chegou a 201%. As novas regras de pagamento da dívida não têm impacto imediato nas contas do Rio, mas a médio e longo prazos, com redução do saldo devedor. A redução da proporção de 13% da RLR aliviaria as contas imediatame­nte.

Dados do governo de Minas referentes ao período de janeiro a agosto de 2015 apontam dívida total do Estado de R$ 92,4 bilhões, equivalent­es a 195,25% da receita líquida. Ainda está abaixo do teto da LRF, mas acima do limite de alerta, de 180%. Emnota, o governo mineiro informou que a prioridade é ajustar os contratos às novas regras da Lei Complement­ar 148/2014, regulament­adas em decreto de 29 de dezembro. A dívida de Minas com a União soma R$ 73,4 bilhões, ou 79,4% da dívida total, com prazo de pagamento até fevereiro de 2028.

Ogoverno de Alagoas disse que a reunião dos governador­es buscará “alinhament­o entre todos os Estados acerca da renegociaç­ão da dívida”. O saldo total da dívida alagoana, em agosto, somava R$ 9,6 bilhões, ou 154,2% da receita líquida. A dívida com a União é de R$ 7,7 bilhões (80% do total).

Salários. A penúria dos Estados afeta o pagamento do funcionali­smo. No fim de 2015, Pezão anunciou o fatiamento em cinco vezes da segunda parcela do 13.º salário dos servidores. Há uma semana, Pimentel anunciou que salários de mais R$ 3 mil serão parcelados em até três vezes.

ELIANE CANTANHÊDE

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