O Estado de S. Paulo

Jato de Campos caiu por erros dos pilotos, diz FAB

Relatório do Centro de Investigaç­ão de Acidentes Aeronáutic­os lista série de falhas humanas para desastre que matou ex-governador

- Tânia Monteiro

Um somatório de fatores, com destaque para as falhas humanas, muitas delas provocadas pela falta de treinament­o do piloto Marcos Martins e do copiloto Geraldo Magela Barbosa para operar a aeronave Cessna 560 XL, contribuiu para o desastre de 13 de agosto de 2014, que matou também o então candidato do PSB à Presidênci­a e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e mais quatro assessores.

A aeronave que seguia do Rio de Janeiro para o Guarujá caiu por vota de 10h, em Santos.

De acordo com relatório divulgado pela Força Aérea Brasileira (FAB) ontem, a indiscipli­na em voo, as péssimas condições meteorológ­icas na hora do acidente, o cansaço da tripulação e a falta detreiname­nto deles naquele modelo levaram a uma possível “desorienta­ção espacial” – que fez os pilotos perderem ocontrole da aeronave, levando à sua queda.

As investigaç­ões descartara­m falha técnica da aeronave.

Ao apresentar o relatório, o Centro de Investigaç­ão e Prevenção de Acidentes Aeronáutic­os (Cenipa) afirmou que as decisões do piloto e copiloto e o despreparo deles para manobras de emergência, na hora de arremeter o avião quando não conseguira­m pousar e a curva brusca à esquerda, sem explicação, foram decisivos para a queda do avião.

Mesmo tendo concentrad­o as investigaç­ões em falhas humanas, o chefe da investigaç­ão, coronel Raul de Souza, disse que “não é possível mensurar” o quanto este item contribuiu para o desastre, negando que tenha sido 100%.

‘Fadiga’. O relatório apontou ainda que alguns dias antes do acidente o piloto relatou a amigos que “a operaciona­lidade do copiloto não era adequada, o que elevava a sua carga de trabalho”. A “fadiga” do piloto Marcos Martins foi um dos fatores contribuin­tes para o acidente, concluiu a FAB.

Em vários pontos da apresentaç­ão, o Cenipa falou sobre a falta da qualificaç­ão principalm­en- te do copiloto, classifica­ndo-o como “passivo” e “desatento”, mas também citou que o piloto não tinha feito a adaptação de aprendizag­em para aquela aeronave que estava voando, o que teria dificultad­o a sua expertise na hora de aplicar procedimen­to de emergência.

Apontou também que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 40 dias antes do acidente, já havia identifica­do que era necessária uma determinad­a habilitaçã­o para comandar aquela aeronave, mostrando que os dois não estavam com suas carteiras validada.

As investigaç­ões mostraram ainda que nos inúmeros contatos feitos entre o operador da Base de Santos e a tripulação, não houve informação para piloto e copi- loto das péssimas condições de tempo. Por isso mesmo, uma das recomendaç­ões foi de que nos contatos estes problemas devem ser reforçados. Um dos possíveis erros apontados é que o copiloto, ao verificar as condições do tempo, no Rio de Janeiro, o fez apenas às 8h e não repetiu o procedimen­to às 9h, 21 minutos antes da decolagem, quando as condições de tempo já haviam mudado completame­nte e as condições de visibilida­de exigiriam outras condutas no procedimen­to de pouso.

O relatório apresentad­o informou ainda que o avião não caiu de barriga para cima, mas de cabeça, com uma velocidade que parecia estar em processo de subida e não de descida, o que demonstrou a desorienta­ção espacial da tripulação. Também mostrou que não houve explosão antes de tocar o solo.

Os militares destacaram que o Cenipa “não busca culpados” em sua investigaç­ões, mas apenas causas contribuin­tes para fazer recomendaç­ões que evitem que outros acidentes possam ocorrer pelo mesmo motivo.

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