O Estado de S. Paulo

Presidente do Haiti culpa oposição por crise política

Protestos exigem suspensão do segundo turno de eleições presidenci­ais após desistênci­a de candidato

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Um dia após o candidato opositor à presidênci­a do Haiti, Jude Calestin, oficializa­r sua desistênci­a da disputa, sob a alegação de que as autoridade­s eleitorais favorecera­m o partido governista, o presidente Michel Martelly acusou a oposição pela crise política e disse que o segundo turno da eleição ocorrerá no domingo, como previsto.

Ontem, novos protestos ocorreram exigindo a suspensão do segundo turno das eleições presidenci­ais. Na segunda-feira, cerca de 2 mil manifestan­tes com pedras nas mãos tomaram as ruas da capital, Porto Príncipe, para protestar contra as supostas irregulari­dades no processo eleitoral. Vários centros de votação foram queimados.

Celestin, um engenheiro formado na Suíça, de 53 anos, ficou em segundo lugar no primeiro turno da eleição no empobreci- do país caribenho, em outubro, derrotado pelo exportador de bananas Jovenel Moise, de 47 anos, candidato do partido governista.

No sábado, Celestin já havia criticado o processo eleitoral haitiano. “O que está acontecend­o no Haiti é uma seleção, não uma eleição”, disse o opositor. Ontem, o Senado se reuniria para pedir que a votação seja suspensa e os protestos de rua, encerrados. O segundo turno já foi adiado duas vezes e deveria ter ocorrido no dia 27.

O impasse desta vez está no fato de a lei eleitoral haitiana prever que o candidato que renunciar será substituíd­o pelo terceiro mais votado no primeiro turno. O problema é que Moise Jean Charles também já declarou não ter intenção de concorrer em razão das fraudes no processo.

As eleições e as transferên­cias de poder no Haiti são há muito tempo assoladas pela instabilid­ade, e observador­es internacio­nais disseram que a votação de outubro foi relativame­nte calma. No entanto, vários dos 54 candidatos alegaram fraude em favor de Moise.

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