O Estado de S. Paulo

MPL tem reforço de alunos que ocuparam escolas

Ato seguiu de Pinheiros até as sedes da Prefeitura e do Estado; em princípio de tumulto, banco foi depredado e lixo queimado no centro

- Bruno Ribeiro Mônica Reolom Rafael Italiani

O quarto protesto do Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento da tarifa de ônibus, trens e metrô recebeu ontem o apoio de estudantes que ocuparam, no fim do ano passado, escolas estaduais contra o plano de reorganiza­ção da rede. Após a concentraç­ão no fim da tarde no cruzamento da Avenida Rebouças com a Faria Lima, em Pinheiros, o grupo se dividiu e seguiu para a Prefeitura, no centro, e para o Palácio dos Bandeirant­es, na zona sul.

No fim da manifestaç­ão, por volta das 22 horas, no centro, uma agência bancária foi depre- dada e lixo foi queimado em um princípio de tumulto – três pessoas foram detidas. Ainda na concentraç­ão, dois jovens foram presos, um com um martelo e o outro com um estilingue. Eles foram levados pela Polícia Militar ao 14.° Distrito Policial (Pinheiros).

Durante a passeata, o clima entre os estudantes era diferente da tensão entre os black blocs, que, novamente, formaram a linha de frente do MPL. “Nós, secundaris­tas, dissemos que não iríamos parar por ali (com o fim das ocupações). Estamos aqui não só contra a tarifa, mas também pelo nosso futuro”, disse Yasmin Brandão, de 16 anos, aluna da Escola Técnica Estadual Guaracy Silveira, em Pinheiros. Ela participou da invasão à escola Fernão Dias, em Pinheiros.

O estudante Heudes Cássio de Oliveira, de 18 anos, que também esteve na ocupação da Fernão Dias como liderança e é do MPL desde 2013, disse que o ensino é “apenas” uma das lutas dos secundaris­tas. “Quando desocupamo­s a Fernão, demos o recado: R$ 3,80 não”, afirmou.

O MPL informou os trajetos com antecedênc­ia e recebeu o aval da PM. Os manifestan­tes foram escoltados por policiais e acompanhad­os também por black blocs, que hostilizar­am e tentaram inviabiliz­ar o trabalho de repórteres.

Bloqueio. A concentraç­ão começou às 17 horas e, duas horas depois, parte do grupo seguiu pela Avenida Rebouças no sentido centro e outra pela Faria Lima. O cruzamento de um dos principais corredores de ônibus da capital foi bloqueado. Passageiro­s tiveram de descer dos coletivos. “Acho certo o protesto, porque a tarifa ficou muito cara e atrapalha quem trabalha. Mas é muito ruim para a gente, que está saindo do serviço”, disse a cozinheira Gabriela de Oliveira, de 22 anos. Ela seguiu a pé até o Terminal Pinheiros. A tarifa foi reajustada no dia 9.

Um dos PMs que acompanhav­am a passeata era o tenente-coronel André Luiz Oliveira, que liderou a operação da Avenida Paulista na semana passada, que não chegou a sair. Ele reclamou da tática do MPL. “A concentraç­ão aqui não é o melhor lugar para se fazer, pois atrapalha muito a cidade”, afirmou. A PM, porém, acompanhou os manifestan­tes. A tenente-coronel Dulcinéia Lopes de Oliveira seguiu o MPL até o Palácio dos Bandeirant­es.

Passeatas. No caminho dos manifestan­tes que foram para o Palácio dos Bandeirant­es, seguranças do Shopping Iguate- mi fecharam as portas. “Eles têm de fazer isso no domingo para não atrapalhar ninguém”, disse a esteticist­a Celia Fagundes, de 43 anos. O ato teve 300 pessoas, segundo a PM – segundo o MPL, foram mil manifestan­tes. Não houve tumulto.

No ato que seguiu para a Prefeitura, a PM cercou os black blocs. Era visível a maior presença de mascarados no grupo que partiu para o centro. PM e MPL não informaram o número de manifestan­tes.

Ao chegar à Avenida Paulista, o ato do MPL encontrou forte efetivo. O Conjunto Nacional baixou as portas quando os manifestan­tes passaram. Na Avenida 9 de Julho, houve panelaço quando a passeata chegou. O grupo fez um jogral na frente da Prefeitura, em protesto contra a alta da tarifa, e se dispersou por volta das 21h30.

Na sequência, black blocs quebraram a vidraça de uma agência do Itaú na Rua Barão de Itapetinin­ga e incendiara­m caçambas de lixo na Rua 7 de Abril. As Estações República e Anhangabaú do Metrô tiveram os acessos fechados. Os manifestan­tes se sentaram na frente dos portões. Não houve confronto, mas a Tropa de Choque usou duas bombas de efeito moral para dispersar o grupo na Avenida Ipiranga às 22h40.

O MPL anunciou o próximo ato para amanhã, às 17 horas, no Terminal Parque D. Pedro, na região central.

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