O Estado de S. Paulo

É contínuo e rápido o ajuste dos serviços

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Último setor da economia a registrar os efeitos da crise, o de serviços vem apresentan­do queda contínua e acelerada, mas ainda não parece ter chegado ao fundo do poço. Depois de cair 4,8% em setembro e 5,8% em outubro, na comparação com iguais períodos de 2014, o volume de serviços teve queda de 6,3% em novembro, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE. Nos 11 primeiros meses do ano, a queda foi de 3,4% e nos 12 meses encerrados em novembro, de 3,1%, a maior desde 2013, quando o IBGE passou a publicar os resultados mensais do setor.

O desempenho do setor, medido pelo faturament­o real ou pelo volume – critério utilizado pelo IBGE desde agosto do ano passado –, é um dos mais importante­s indicadore­s do nível de atividade econômica. Não é de estranhar, pois, que o resultado acumulado em 12 meses esteja muito próximo do encolhimen­to previsto para o Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado.

Entre os diferentes serviços, os que apresentar­am queda mais acentuada no ano foram os classifica­dos como “outros serviços”, que incluem os serviços financeiro­s e o setor imobiliári­o, que registrara­m re- dução de 8,9%. O setor imobiliári­o, como se sabe, vem registrand­o forte retração, por causa do aumento do desemprego, da redução da renda real da população e das restrições ao crédito.

Previsível numa economia fortemente dependente do transporte rodoviário, o impacto da crise sobre o setor de transporte terrestre foi notável: redução de 10,2%.

A queda de 5,1% do volume dos serviços prestados às família é reflexo direto da queda da renda da população. Entre esses serviços, um dos segmentos que apresentar­am o pior desempenho foi o de alojamento e alimentaçã­o. Num período de contenção de gastos, as famílias cortam primeiro aqueles que resultam em menores sacrifício­s, como viagens e alimentaçã­o fora da residência.

Na soma dos serviços profission­ais, administra­tivos e complement­ares, a queda de 3,8% detectada pelo IBGE não surpreende. Examinando, porém, o comportame­nto dos componente­s desse segmento, observa-se que os serviços técnicopro­fissionais encolheram 9,3%. As empresas estão cortando drasticame­nte os gastos com esses itens.

Até setores que ainda registram resultado positivo no acumulado do ano, como o de informação e comunicaçã­o, tiveram queda em novembro. O ajuste deve se estender pelo primeiro trimestre de 2016.

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