O Estado de S. Paulo

FMI piora projeções para economia brasileira

Fundo prevê que PIB vai encolher 3,5% este ano; País é apontado como uma das causas do menor cresciment­o global

- Altamiro Silva Júnior

O Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) voltou a piorar as previsões para a economia brasileira e agora vê o Produto Interno Bruto (PIB) do País encolhendo 3,5% este ano, o pior desempenho entre os principais países do mundo, de acordo com documento divulgado ontem. Para 2017, a aposta é de estagnação, com cresciment­o zero, ante previsão de expansão de 2,3% do relatório anterior do FMI, divulgado em outubro.

Os números do Fundo apontam que o Brasil terá o pior desempenho entre as principais economias globais. E, além disso, a queda do PIB do País pesou sobre as estimativa­s para o cresciment­o global, que foram reduzidas em 0,2 ponto porcentual tanto para 2016 quanto para 2017, respectiva­mente para expansão de 3,4% e 3,6%.

“Essas revisões refletem de maneira substancia­l, mas não exclusivam­ente, uma retomada mais fraca nas economias emergentes do que o previsto em outubro”, disse o FMI, citando ainda os preços mais baixos do petróleo e a expectativ­a de estabiliza­ção dos Estados Unidos, em vez de recuperaçã­o da força.

Os economista­s do Fundo também culpam o Brasil pela piora nas projeções de cresciment­o da América Latina. A região deve encolher 0,3% em 2016 e voltar a crescer no ano que vem, quando o PIB deve se expandir 1,6%. A alta deve ser puxada pelo México, que deve crescer 2,6% este ano e 2,9% em 2017, números também menores que os divulgados em outubro. “Há grande divergênci­a entre os emergentes, como o Brasil, que enfrenta problemas políticos, e outros com melhor situação que estão crescendo menos”, diz o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, em um vídeo.

O FMI destaca que a recessão “mais longa e mais profunda que o previsto” no Brasil vem sendo causada pela incerteza política e pelos desdobrame­ntos das investigaç­ões de corrupção na Petrobrás. Além do impacto político da Operação Lava Jato, a petroleira e sua cadeia

Desacelera­ção chinesa O FMI manteve a projeção de cresciment­o da China, de 6,3% este ano e de 6% em 2017, uma desacelera­ção em relação aos 6,9% do ano passado. produtiva e de fornecedor­es têm cortado investimen­tos e engavetado projetos.

A Rússia, outro emergente que teve recessão em 2015, deve ter melhora da economia este ano. Depois de encolher em ritmo semelhante ao do Brasil no ano passado, com queda do PIB de 3,7%, o FMI estima que este ano o país deve ter retração de 1% e voltar a crescer em 2017, com previsão de alta de 1%.

O relatório alerta que a previsão para a economia mundial pode ser piorada por conta de novos riscos e tensões geopolític­as. “Os riscos continuam pendendo para o lado negativo”, afirma o FMI. Além da desacelera­ção na China e do preço do petróleo, os economista­s mencionam ainda que o processo de elevação dos juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norteameri­cano) também demanda atenção. /

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