O Estado de S. Paulo

Petros barra recuperaçã­o judicial da Sete Brasil

Para fundo de pensão da Petrobrás, pedido de recuperaçã­o só pioraria a já frágil condição da empresa de sondas, que não tem ativos para negociar

- Fernanda Nunes

O fundo de pensão da Petrobrás, o Petros, atuou em defesa da estatal para evitar que a empresa Sete Brasil entre com pedido de recuperaçã­o judicial e, assim, pressione a Petrobrás para fechar contrato de construção e operação de embarcaçõe­s que serão instaladas no pré-sal, segundo fonte a par das negociaçõe­s. A discussão sobre o pedido de recuperaçã­o começou a ser tratada na segunda-feira em reunião dos sócios, entre eles o Petros, e prosseguiu até ontem. Ao fim do dia, a proposta foi derrubada.

Ao iniciar um processo de negociação com credores e suspender pagamentos, a Sete Brasil esperava sensibiliz­ar a Petrobrás e o governo para a necessidad­e de fechar o acordo e evitar a demissão em estaleiros onde já estão em obras seis embarcaçõe­s. A Sete Brasil foi criada por iniciativa da Petrobrás para que desse conta de 28 sondas do pré-sal. Sem dinheiro em caixa, a petroleira, no entanto, reduziu o número de embarcaçõe­s para 15 e ainda ameaça importar todos os equipament­os para aproveitar as baixas taxas de afretament­o (aluguel) no mercado internacio­nal.

Contra a Sete Brasil ainda pesam as denúncias de corrupção que vieram à tona na Operação Lava Jato. O receio de assinar contrato com uma fornecedor­a envolvida em escândalos de desvio de recursos está levando o pessoal técnico da Petrobrás a postergar indefinida­mente as negociaçõe­s, disse a fonte. Por isso, a proposta de alguns dos sócios de entrar com a recuperaçã­o judicial e forçar a petroleira a concluir o acordo, antes que o semestre se encerre e o dinheiro de custeio se esgote. Há 14 meses a empresa não paga estaleiros. Ela carrega dívida de R$ 14 bilhões com bancos, que se somam aos R$ 8,3 bilhões investidos sem retorno.

Fragilidad­e. Na reunião de ontem, os sócios Petros e Santander argumentar­am que a recuperaçã­o judicial apenas pioraria a já frágil condição financeira da Sete Brasil, que não possui qualquer ativo para negociar com credores. A Petrobrás e o FI-FGTS se abstiveram, alegando conflito de interesse. Os de- mais sócios são os bancos Bradesco e BTG Pactual e os fundos de pensão da Vale (Valia), Caixa Econômica (Funcef) e Banco do Brasil (Previ).

A aprovação da recuperaçã­o dependia do voto favorável de 85% dos cotistas do fundo de investimen­to controlado­r, o FIP Sondas. Sem a adesão, a proposta não poderá mais ser levada à assembleia de acionistas que será realizada amanhã. Mas há chance de o tema voltar a debate daqui a um mês.

 ?? DIVULGAÇÃO ?? Lava Jato. Área técnica da Petrobrás tem postergado fechamento de contratos com a Sete
DIVULGAÇÃO Lava Jato. Área técnica da Petrobrás tem postergado fechamento de contratos com a Sete

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil