O Estado de S. Paulo

BTG surpreende mercado com balanço antecipado

Para acalmar investidor­es, banco divulgou antes de serem auditados os dados do 4º trimestre, que traz os efeitos da prisão de André Esteves

- Fernanda Guimarães Aline Bronzati

Depois de adotar medidas táticas para salvar sua liquidez após a prisão de André Esteves, seu ex-presidente, o BTG Pactual surpreende­u o mercado ao antecipar a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2015. O objetivo era, com mais informaçõe­s, acalmar os investidor­es. O balanço, que coloca em evidência os efeitos da prisão de Esteves e as medidas tomadas pelos sócios desde então, não teve os dados auditados.

Ontem, após a divulgação, as units do BTG Pactual subiram 3,38%, para R$ 14,37. O Ibovespa avançou 0,32%.

“A auditoria ainda não teve tempo, mas nós, em conjunto com os auditores, temos confiança de que esses números estão concluídos e, em um momento como esse, o melhor é antecipar o máximo, com a maior transparên­cia”, destaca João Dantas, diretor executivo de Relações com Investidor­es da instituiçã­o.

Segundo ele, com os números financeiro­s em mãos, ficam mais claros os efeitos das medidas tomadas ao longo das últimas semanas. O balanço auditado, prevê o executivo, deverá ser publicado “muito antes do fim do prazo legal”, que vai até o fim de março. Venda de ativos. Nada altera, porém, o processo de encolhimen­to do banco que, de acordo com ele, segue em curso. Diversos ativos da instituiçã­o foram colocados à venda após a prisão de Esteves. Segundo o diretor de relação com investidor­es do BTG, as negociaçõe­s mais avançadas incluem o braço de seguros, que contempla a Pan Seguros e a Pan Corretora, para o qual um contrato de exclusivid­ade foi fechado com a francesa CNP Assurances, e ainda o suíço BSI ( leia mais ao lado).

Dantas afirma que negociaçõe­s de outros ativos também podem avançar no curto prazo, bem como a venda de carteiras de crédito, mas não forneceu mais detalhes. Até agora, o BTG já se desfez de R$ 14 bilhões em ativos de investimen­tos proprietár­ios e do portfólio de crédito. Além da participaç­ão na Rede D’or, o BTG vendeu sua fatia na Recovery e na BR Pro- perties.

Para dar prosseguim­ento a esse processo de desinvesti­mento, Dantas afirma que o banco realizou mais alguns ajustes no preço de seus ativos, com marcação ao mercado, mesmo movimento que foi realizado na carteira de crédito. “Os preços agora refletem um valor de realização em um espaço mais curto de tempo”, explica, lembrando que outro contexto de mercado pode pedir alguma mudança, mas que, no momento, a precificaç­ão está atualizada.

Liquidez. Ele afirma que, após o evento de estresse que abateu o banco, no dia 25 de novembro, com a prisão de Esteves, o BTG colocou seus negócios em uma perspectiv­a conservado­ra, tendo como objetivo conseguir trabalhar na sua venda de ativos de forma mais calma, muito embora a meta seja o desinvesti­mento em um curto prazo. “Os reguladore­s no mundo apontam a necessidad­e de um caixa suficiente para passar um mês em um cenário de estresse e hoje temos suficiente para passar quase um ano”, explica.

Segundo ele, apesar de o banco se preparar para um cenário máximo de estresse, em que a captação, por exemplo, é nula, não é esse o quadro esperado pelo executivo. Pelo contrário. Dantas garante que o BTG já atingiu estabilida­de em todas

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CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO Ajustes. Para vender ativos, banco fundado por Esteves teve de reavaliar os preços

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