‘NYT’ diz que explicação para nomeação é ‘ridícula’
O jornal The New York Times classificou em um editorial publicado ontem de “ridículas” as explicações de Dilma Rousseff sobre a escolha do ex-presiden- te Luiz Inácio Lula da Silva para ser ministro-chefe da Casa Civil. “Surpreendentemente, ela parece ter sentido que ainda tinha capital político para gastar”, afirma o maior jornal dos Estados Unidos ao comentar a nomeação de Lula.
“Dilma Rousseff criou uma nova crise, de confiança em seu próprio julgamento”, diz o texto do The New York Times. O editorial ressalta que Lula está sendo investigado por enriquecimento ilícito. Além disso, pessoas muito próximas a ele, como José Dirceu, estão presas, observa o jornal.
Se a decisão de nomear Lula “empurra os esforços de impeachment” para mais perto, “Dilma terá só a ela mesma para cul- par”, afirma o jornal. Segundo o texto, a estratégia de Dilma aumentou a insatisfação popular e levou milhares de pessoas às ruas das cidades brasileiras, pedindo a renúncia da presidente. Anteontem à noite, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes suspendeu a nomeação de Lula.
Com o título “A crise política no Brasil se aprofunda”, o editorial comenta os vários desdobramentos na política brasilei- ra dos últimos dias, com foco na escolha de Lula para ser ministro de Dilma. O texto destaca que o objetivo foi tentar blindar o ex-presidente das investigações da Operação Lava Jato, que já atingiram políticos do PT e de outros partidos.
A explicação de Dilma para a nomeação de Lula, ressalta o The New York Times, foi descrita por ela como sendo uma oportunidade de trazer de volta ao Planalto um negociador talen- toso para ajudar o Brasil a lidar com uma variedade de crises. Essa explicação, porém, é ridícula, afirma o editorial. O texto cita que Lula é acusado de ter recebido dinheiro de construtoras e foi levado recentemente para depor pela Polícia Federal.
Lula e Dilma, diz o texto, querem atrasar, “por tanto tempo quanto possível”, um eventual julgamento do ex-presidente ao tentar abrigá-lo no Planalto, com foro privilegiado.