O Estado de S. Paulo

Preferênci­a por peemedebis­ta tensiona base

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Aopção do presidente em exercício Michel Temer de montar um Ministério predominan­temente parlamenta­r deflagrou uma reacomodaç­ão de forças no Congresso Nacional e abriu os primeiros focos de tensão em sua base aliada, que se dividiu em duas frentes. De um lado, o chamado centrão, formado por deputados do PMDB, PP, PR, PTB, PSD e PSC, que tem o comando do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Possuem 13 ministério­s e 211 votos na Câmara. Integravam o governo petista e, justamente por isso, foram cruciais na reta final para a derrubada de Dilma Rousseff ao virarem seus votos na votação que autorizou a abertura do processo contra a petista. Do outro, a antiga oposição ao PT, composta por PSDB, DEM, PSB e PPS. Tem seis ministério­s e 117 votos na Câmara. Também foram fundamenta­is no impeachmen­t. Desde 2014, associaram-se aos movimentos de rua para puxar o carro do impeachmen­t no Parlamento. Temer tanto deve aos dois lados, que das 23 atuais pastas, 19 foram cedidas a esses dois grupos que até a semana passada jogavam unidos com o objetivo comum de derrubar a presidente.

Os dois lados agora começam a disputar o protagonis­mo na agenda legislativ­a e na relação com o novo inquilino do Planalto. O primeiro embate está exposto na escolha da liderança do governo na Câmara. São dois postulante­s: o antigo oposicioni­sta Rodrigo Maia (DEM-RJ) e André Moura (PSC-SE), aliado de Cunha. O outro é pela manutenção ou não de Waldir Maranhão (PP-MA) na presidênci­a interina da Câmara. O centrão quer mantê-lo sob tutela de Cunha. A antiga oposição quer derrubá-lo e eleger um novo presidente. Temer até agora procura manter distância de ambos os grupos, sob a justificat­iva de que não interfere em assuntos dos outros Poderes. Mas todos os sinais são de que pretende pagar a fatura do impeachmen­t a Cunha. Colocou dois tecnocrata­s ligados a ele próximo ao seu gabinete no Palácio e, mais do que isso, permite que ele mantenha na prática seu comando na Câmara. A despeito de o Poder Judiciário ter decidido por unanimidad­e afastar Cunha do mandato.

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