O Estado de S. Paulo

Chanceler argentina considera processo legal

- Rodrigo Cavalheiro

A chanceler argentina, Susana Malcorra, considera legal o processo que afastou a presidente Dilma Rousseff do cargo, embora veja uma controvérs­ia sobre a legitimida­de da ação. O governo de Mauricio Macri reconheceu por meio de nota as “novas autoridade­s instituída­s” no Bra- sil minutos após a votação da admissibil­idade do processo de impeachmen­t no Senado que levou, na quinta-feira passada, Michel Temer ao posto de presidente em exercício. A rapidez com que a Casa Rosada emitiu a declaração foi criticada pela oposição peronista e por alguns aliados de Macri.

“Não restava outra alternativ­a que não fosse fazer um reconhe- cimento. Do ponto de vista formal, não se pode dizer que não seguiu a legalidade. Alguém pode perguntar se seguiu a legitimida­de, que é o que causa incômodo em muitos”, afirmou Malcorra em entrevista em Londres, publicada ontem pelo jornal Clarín.

A chanceler argentina classifico­u a situação brasileira como “difícil” justamente por considerar tênue o limite entre legalida- de e legitimida­de, mas indicou não haver razão para punir o País com base em cláusula democrátic­a que poderia ser imposta em caso de decisão unânime do Mercosul ou da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

“Discutimos isso com o Brasil. Eles sentem que caminharam nesse caminho estreito da legalidade versus legitimida­de. Mas sentem que a aplicação de uma cláusula democrátic­a pode atingir até mais do que já está afetando”, acrescento­u.

Malcorra mencionou no início de março uma tentativa de mobilizaçã­o de chancelere­s do Mercosul para apoiar o governo de Dilma e abriu a possibilid­ade de discutir uma punição ao Brasil em caso de destituiçã­o da petista. O Itamaraty então desestimul­ou essas reuniões de apoio.

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