O Estado de S. Paulo

MST desocupa fazenda em Duartina de amigo de Temer

Os sem-terra alegam que presidente em exercício é sócio oculto de local de 1,5 mil hectares, o que peemedebis­ta nega

- José Maria Tomazela

A Polícia Civil de Duartina, interior de São Paulo, abriu inquérito para apurar denúncia de depredação, furtos e abate de gado na Fazenda Esmeralda, pertencent­e ao ex-coronel da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, amigo do presidente em e x e r c í c i o, Michel Temer (PMDB). Relatório da PM aponta o furto de equipament­os e danos causados à propriedad­e durante a invasão por 800 integrante­s do Movimento dos Sem-Terra (MST). A fazenda de 1,5 mil hectares foi invadida na madrugada do dia 9 e desocupada anteontem, após a Justiça ter determinad­o a saída dos militantes.

O MST alega indícios de que Temer é sócio oculto da propriedad­e, o que foi negado por ele. Conforme o relatório, os semterra furtaram motosserra­s, ferramenta­s e câmeras de vigilância, além de terem danificado um trator, outros veículos da fazenda, cercas e benfeitori­as. Foram encontrada­s carcaças de bois supostamen­te abatidos pelos invasores para consumo da carne. O total de reses abatidas não tinha sido contabiliz­ado até a tarde de ontem. A casa-sede e outros imóveis da fazenda tiveram as paredes pichadas contra o presidente em exercício.

Em nota, o MST negou as acusações. “Esclarecem­os que não houve nenhum tipo de depredação ou dano cometido na área. Nossa ação foi legítima e pacífica.” Segundo o movimento, as pichações não caracteriz­am destruição do patrimônio e refletem o protesto dos sem-terra contra a monocultur­a de eucalipto na fazenda e a anexação à propriedad­e de uma antiga ferrovia pertencent­e à União.

Incra. A direção do Instituto Nacional de Colonizaçã­o e Reforma Agrária (Incra) negou ontem que irá receber representa­ntes do MST paulista em Brasília para discutir a reforma agrária no Estado e a questão da fazenda do amigo de Temer. Em nota, o MST havia informado que a desocupaçã­o da Fazenda Esmeralda foi decidida após reunião com o representa­nte do Incra nacional, Leonardo Góes Silva, que teria se comprometi­do a agendar o encontro para os próximos 20 dias.

A reunião aconteceu no sábado, na Câmara de Duartina, com a presença de Silva. O movimento entregou a ele uma pauta na qual denuncia suposta autuação da fazenda por trabalho escravo, quando era produtora de laranja, e reivindica o assentamen­to de 5.000 famílias acampadas em São Paulo. “O Incra se compromete­u em fazer um monitorame­nto na pauta e apresentar um retorno em 15 dias”, informa a nota.

Os donos da fazenda, Lima Filho, e sua empresa, Argeplan, reiteraram em nota que as terras foram adquiridas de maneira regular, a partir de 1986, e são produtivas.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil