Argentina quer colocar chanceler no comando da ONU
Candidatura admitida por Susana Malcorra para lugar de Ban Ki-moon deve ser formalizada até o fim da semana
A chanceler argentina, Susana Malcorra, está em campanha para substituir o sul-coreano Ban Ki-moon no comando da ONU a partir de janeiro de 2017. A engenheira elétrica de 61 anos, uma das surpresas do gabinete anunciado por Mauricio Macri em dezembro, conta com o apoio da Casa Rosada. A estratégia é usá-la como forma de acelerar a “reinserção da Argentina no mundo”, uma das promessas reiteradas pelo presidente após 12 anos de kirchnerismo, que estimulou protecionismo econômico e o afastamento das potências ocidentais.
Segundo a própria Malcorra afirmou ao jornal Clarín, em entrevista publicada ontem, há nove candidatos ao posto, dos quais sete são do Leste Euro- peu. A região detém o favoritismo por uma questão de rotatividade geográfica. A Argentina decidiu lançar Malcorra como can- didata sul-americana porque apareceram também postulantes da Oceania e da Europa Ocidental. “Há uma vertente muito forte que diz ‘é o momento de ser uma mulher’. Aí surgem alguns nomes e o meu está entre eles”, disse. Segundo o Clarín, sua candidatura deve ser anunciada por Macri na sexta-feira.
Até ser escolhida ministra das Relações Exteriores, Malcorra era chefe de gabinete de Ban. Ela começou carreira na IBM e chegou a presidente da Telecom Argentina, onde trabalhou até 2002 e ganhou fama de durona ao demitir centenas na crise de 2001. A instabilidade argentina fez ela mesma sair do país e começar carreira na ONU, no programa mundial de alimentos.
Seus contatos com líderes mundiais foram importantes para garantir as visitas do americano Barack Obama, do francês François Hollande e do italiano Mateo Renzi nos primeiros meses de governo de Macri.
A política externa de Macri escolheu como principal alvo a Venezuela, a quem ameaçou com umpedido de suspensão no Mercosul para pressionar pela libertação de opositores presos. Sobre o tema, Malcorra descreveu ao Clarín como “esquizofrênico” o voto dado pelos venezuelanos ao colocar o chavismo no Executivo e a oposição à frente do Legislativo.