O Estado de S. Paulo

MEC: novo ministro deve anular atos de Mercadante

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Frente à hipótese de que a gestão de Aloizio Mercadante tenha apressado decisões no apagar das luzes do governo Dilma Rousseff, o novo ministro da Educação e Cultura, Mendonça Filho, pediu para que a Consultori­a Jurídica do órgão passe um “pente-fino” em todas as deliberaçõ­es da pasta realizadas no último mês. Podem ser anulados atos como a nomeação de membros do Conselho Nacional de Educação (CNE) e suspensas novas inscrições do Programa Bolsa Permanênci­a.

Esse foi um dos primeiros pedidos de Mendonça ao assumir a pasta, a convite do presidente em exercício, Michel Temer. Servidores do MEC dizem acreditar que a gestão do PT tenha deixado “pegadinhas” para o novo ministro.

Uma delas seria o encerramen­to das inscrições no Programa Bolsa Permanênci­a, um auxílio financeiro a estudantes de universida­des federais em situação de vulnerabil­idade socioeconô­mica. O ofício, que mantém novas candidatur­as apenas para quilombola­s e indígenas, foi assinado pelo ex-secretário de Educação Superior de Mercadante, Jesualdo Pereira, na véspera de Mendonça tomar posse.

Alardeada nas redes sociais como a primeira medida de contingenc­iamento da nova ges- tão, causando apreensão em centenas de alunos, o ministro teve de esclarecer que a decisão havia sido tomada pelos seus antecessor­es na pasta.

Também pode ser anulado um decreto presidenci­al, do dia 10 (um dia antes da admissibil­idade do impeachmen­t no Senado), que nomeia 12 conselheir­os para o CNE. A dança das cadeiras deveria ocorrer em 3 de julho, mas foi antecipada em quase dois meses, o que levantou suspeitas de que a motivação de Mercadante seria garantir assentos no órgão antes que o PT fosse afastado do governo.

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