Temer acalma COI; ministro faz crítica
Presidente telefona para Thomas Bach e reafirma garantias para a Olimpíada; mais cedo Raul Jungmann, da Defesa, atacou a organização dos Jogos
O presidente interino Michel Temer telefonou para o presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), Thomas Bach, para tranquilizá-lo e reafirmar a garantia dos Jogos Olímpicos. Ele mesmo deu a informação em reunião com ministros, realizada no início da noite de ontem, para avaliar as condições de realização dos Jogos, em agosto.
Mais cedo, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, criticou a organização da Olimpíada pela presidente Dilma Rousseff. Ele afirmou que o governo anterior foi “muito desatento” com o evento, que terá dentro de 80 dias sua cerimônia de abertura. Entre os maiores problemas, citou a questão da inteligência e da infraestrutura no Rio de Janeiro. Segundo Jungmann, esta é a sua “preocupação maior no curtíssimo prazo”.
Jungmann disse que há problemas de transporte no Rio e também para o deslocamento dos cerca de cem líderes mundiais previstos para virem ao Brasil. Para ele, as dificuldades se estendem às áreas de energia e comunicações.
O ministro disse ainda que na área de inteligência “houve uma retração dos órgãos dos outros países em relação a nós porque não havia atenção federal para este setor”.
Após a reunião ministerial, o ministro dos Esportes, Leonardo Picciani, disse que Jungmann não se referiu a esse assunto na reunião com Temer. “Não há atrasos nas obras” e “não haverá risco no desembolso de recursos”, disse. “O Brasil quer passar esta mensagem positiva”, afirmou Picciani.
Ao falar da área de inteligência, o ministro Picciani disse que “as medidas tomadas nos deram segurança que chegaremos ao evento na plenitude”.
Jungmann disse, depois do encontro, que em relação à segurança todas as providências estão sendo tomadas. O trabalho será realizado pelas equipes estaduais. “Não creio que será ne- cessário convocar as Forças Armadas (para ocupar as comunidades durante os jogos)”, disse. Jungmann disse que 38 mil homens estarão empenhados no trabalho de segurança da Olimpíada em todo o País.
Após a reunião, em entrevista no Planalto, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, minimizou a possibilidade de ocorrerem manifestações durante a Olimpíada. Ele lembrou que na Copa do Mundo, as manifestações não influíram na com- petição, que foi “um sucesso”. Ele lembrou que o Brasil já tem experiência de grandes eventos e comparou que, na Copa do Mundo, em 2014, 32 países estiveram presente, com transmissão para 3 bilhões de telespectadores. Agora, serão 216 países e cinco bilhões de telespectadores. Na Copa, eram 12 mil jornalistas e, agora, 25 mil.
Ao ser perguntado por um jornalista estrangeiro sobre um possível boicote aos Jogos Olímpicos por conta do proces- so de impeachment, Picciani respondeu que o assunto está sendo tratado pelo Itamaraty, mas que tem “convicção que repercussão dos jogos olímpicos serão positivas”.
Amanhã, Jungmann estará no Rio pra acompanhar os preparativos e entrar em contato com as autoridades. Ele disse que, apesar dos problemas, “temos total capacidade para realizar os Jogos. “Teremos capacidade de suprir qualquer deficiência”, assegurou.